Recém-empossada como primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni entrou em mais uma polêmica nacional ao escolher na segunda-feira, 31, Galazzo Bignami com subsecretário do Ministério da Infraestrutura. O político, do Irmãos da Itália, mesmo partido da premiê, teve uma foto divulgada por um jornal italiano na qual aparece usando uma braçadeira com o símbolo nazista.
A foto, publicada em 2016 e relembrada nesta semana, teria sido tirada em sua despedida de solteiro, em 2005. Na época, Bignami disse se tratar apenas de uma “diversão leviana”.
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Na última segunda-feira, no entanto, o político mudou o discurso feito em 2016 e se disse “profundamente envergonhado” pela foto com a braçadeira nazista e condenou firmemente “qualquer forma de totalitarismo”, além de descrever o regime alemão como “o mal absoluto”.
As polêmicas acerca de Bignami não param por aí. Em 2019, ele publicou uma foto nas redes sociais dos nomes dos residentes estrangeiros listados no interfone de um prédio em Bolonha, dizendo que “não dava a mínima para a privacidade de imigrantes”.
Nesta terça, associações e grupos da oposição condenaram a escolha do político.
“Esta é uma ofensa, uma indecência contra a Constituição, a história, a memória e as vítimas da suástica. Que vergonha, Meloni”, disse Marco Furfaro, deputado do Partido Democrata.
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Em outubro, em seu primeiro discurso ao Parlamento após ser empossada, Meloni usou o espaço para negar qualquer relação com o fascismo. As falas foram vistas como uma tentativa de se distanciar de participação em movimentos vistos como problemáticos, como o Movimento Social Italiano, partido fundado em 1946 por admiradores de Mussolini e onde Meloni iniciou sua carreira política na ala juvenil.
Em agosto, Meloni também tentou distanciar seu partido, o Irmãos da Itália, de suas raízes neofascistas, publicando um vídeo em agosto dizendo que o partido havia “entregue o fascismo à história” décadas atrás. Em vez disso, ela apresenta o partido como um defensor conservador do patriotismo e afirmou no ano passado que não havia “fascistas nostálgicos, racistas ou antissemitas no DNA dos Irmãos da Itália”.
Revelações recentes, no entanto, colocaram uma pulga atrás da orelha. Na formação do governo, Ignazio La Russa, ex-ministro da Defesa cujo pai foi secretário do partido de Mussolini, foi eleito presidente do Senado italiano.
Pertencente ao mesmo partido da premiê, o político, que tem “Benito” como nome do meio, foi visto em vídeo exibindo relíquias fascistas, incluindo fotos, medalhas e uma estátua do ditador italiano, em exibição em sua casa. O clipe foi filmado em 2018. “Tem até um símbolo comunista, mas colocamos embaixo dos pés [da estátua de Mussolini]”, diz La Russa no vídeo.
Além dele e de Bignami, outras nomeações possuem ligações com o fascismo italiano. O novo subsecretário do Ministério do Trabalho, Claudio Durigon, propôs renomear um parque na região de Lazio em homenagem ao irmão do ditador fascista Benito Mussolini. Na época, o político de extrema-direita foi obrigado a renunciar ao cargo de subsecretário do Ministério da Economia devido à sugestão.
Ao mesmo tempo, Isabella Rauti, filha de um dos funcionários do partido de Mussolini, foi nomeada para um cargo na pasta de famílias.