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Israel retoma julgamento de Netanyahu em meio a indefinição política

Premiê é acusado de corrupção, fraude e abuso de poder; país tem futuro político indeterminado após quarta eleição em menos de 2 anos

Por Julia Braun Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 5 abr 2021, 09h54 - Publicado em 5 abr 2021, 09h45
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  • Enquanto as lideranças políticas de Israel se reúnem para negociar a formação de um governo e tentar colocar um fim à crise política no país, o julgamento do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu foi retomado nesta segunda-feira, 5. O premiê é acusado de corrupção, fraude e abuso de poder em três casos.

    As audiências do julgamento foram repetidamente adiadas nos últimos meses por conta da pandemia de Covid-19, mas finalmente puderam ser reiniciadas em Jerusalém após a flexibilização das medidas de contenção da pandemia. O processo é considerado fundamental para a sobrevivência política do premiê.

    Há 15 anos no poder, Netanyahu é o primeiro chefe de Governo da história de Israel a ser julgado durante o exercício do cargo. O primeiro-ministro está sendo julgado em três casos distintos.

    Em dois deles é acusado de tentar garantir coberturas favoráveis em meios de comunicação locais em troca de favores do governo. No terceiro caso, Netanyahu e membros de sua família são suspeitos de terem recebido presentes – charutos de luxo, garrafas de champanhe e joias – de famosos em troca de favores financeiros ou pessoais.

    As audiências desta segunda referem-se ao “Caso 4000”, que analisa se houve a “compra” de uma cobertura favorável do portal de notícias Walla em troca de favores do governo. O premiê compareceu ao tribunal para ouvir o pronunciamento da Procuradoria e de sua defesa, mas deixou o local durante o interrogatório das testemunhas.

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    Crise política

    A sessão começou poucos minutos antes do presidente do país, Reuven Rivlin, dar início à quarta consulta para formação de governo em dois anos, depois de mais uma eleição inconclusiva no final de março.

    O partido do atual premiê, o Likud, conquistou 30 das 120 cadeiras disponíveis no Knesset – o Parlamento israelense. Porém, mesmo com as coalizões da ultradireita e direita, a sigla não conseguiu fechar os 61 assentos para ter uma maioria no governo.  A oposição, atualmente formada por legendas de centro e da esquerda, também não conseguiu eleger os deputados necessários para formar um governo.

    Mesmo diante do impasse, os líderes dos dois grupos ainda tentam negociar novas alianças. Nos próximos dias, Rivlin deve anunciar qual dos blocos receberá o primeiro mandato para tentar formar o governo. Se nenhum lado conseguir formar uma coalizão, o país pode ser obrigado a convocar novas eleições, o que prolongaria a crise.

    O julgamento de Netanyahu não ameaça suas aspirações a curto prazo, mas coloca seu futuro político em risco. Ele seria obrigado a renunciar após uma condenação definitiva, depois de esgotados todos os recursos.

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