O gabinete do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, anunciou nesta segunda-feira, 19, que o país permitirá orações do Ramadã na mesquita Al Aqsa, em Jerusalém, durante o próximo mês, mas de forma limitada.
“O primeiro-ministro tomou uma decisão equilibrada ao permitir a liberdade de culto dentro das necessidades de segurança determinadas pelos profissionais”, disse o gabinete.
Embora tenha dado um sinal verde, o governo israelense adiantou que os limites serão estabelecidos conforme as necessidades de segurança, devido à guerra contra o grupo palestino radical Hamas.
Os membros do grupo condenaram as restrições e instou os adeptos a “rejeitar esta decisão criminosa, resistir à arrogância e insolência da ocupação e mobilizar-se para permanecer firmes e inabaláveis na mesquita de Al Aqsa”.
O Ramadã tem início no nono mês do calendário islâmico — neste ano, começa em 22 de março e termina em 21 de abril. A data faria referência a quando Allah revelou o Alcorão, livro sagrado.
Proteger Al Aqsa
O Conselho Supremo da Fatwa, assembleia islâmica palestiniana, orientou que os muçulmanos não deixem de visitar Al Aqsa para “protegê-la”. Acredita-se que profeta Mohammad teria ido da mesquita para o céu por uma única noite em 620 d.C.
Além disso, o Islã crê que outros importantes religiosos, como Abraão (Ibrahim, em árabe) e Elias (Ilyas), passaram por lá. Ao contrário dos evangélicos, os muçulmanos não reconhecem Jesus (Isa) como o Messias, sendo apenas um dos profetas citados no Alcorão. Al Aqsa está localizada topo de uma colina na Cidade Velha de Jerusalém, parte de um complexo também tido como sagrado por judeus, fonte de disputas e tensões históricas.
Atrito sem fim
Os bloqueios de acesso são problema frequente para os muçulmanos, especialmente em feriados sagrados. No passado, Israel chegou a impedir a entrada de fiéis mais jovens na mesquita, argumentando que seria uma forma de reduzir o risco de violência. Nos últimos três anos, houve relatos de confrontos entre a polícia e palestinos no local de culto durante o Ramadão.
Netanyahu tem sido alvo de críticas de todos os lados, incluindo seus apoiadores de extrema-direita. Eles demandam que o premiê aplique limites ainda mais duros. O ministro da Segurança Nacional, o ultradireitista Itamar Ben Gvir, conhecido por liderar um partido judeu ortodoxo, alegou que pessoas que odeiam Israel aproveitariam a data para apoiar o Hamas e promover a violência.
“A entrada de dezenas de milhares de odiadores numa celebração da vitória no Monte do Templo é uma ameaça à segurança de Israel”, afirmou Ben Gvir.