Ma’an Abu Hafez, de 25 anos, foi libertado nesta semana pelo governo de Israel após ser mantido preso por mais de dois anos por residência ilegal no país. Segundo o jornal Haaretz, o governo israelense vinha tentando deportar Abu Hafez para o Brasil, onde ele nasceu, desde que o jovem foi preso em fevereiro de 2017 na Cisjordânia.
Em uma derrota para o governo, a Suprema Corte de Justiça determinou que Israel conceda um visto de visitante a Hafez enquanto ele busca um passaporte brasileiro atualizado. Dessa forma, o jovem poderá continuar vivendo na Palestina. A ação no tribunal superior foi movida pela Hamoked, uma entidade que tem como objetivo ajudar palestinos que têm seus direitos violados.
Abu Hafez é filho de pai palestino e mãe uruguaia que se converteu ao Islã. Ele nasceu no Brasil, mas se mudou com os pais e os dois irmãos para a Cisjordânia aos três anos de idade.
Na Palestina, o pai não deu inicio ao processo para registrar seus filhos como residentes e abandonou a família pouco tempo depois. Desde então, Hafez, sua mãe e seus irmãos tentam regularizar a situação enquanto vivem no campo de refugiados de Jenin. Eles não falam português e não possuem nenhum vínculo com o Brasil.
Em fevereiro de 2017, Abu Hafez foi preso ao passar por um dos muitos postos de checagem israelenses na Palestina e acusado de residência ilegal. Desde então, ele vinha sendo mantido sob custódia do Ministério do Interior de Israel enquanto o governo tentava deportá-lo.
Segundo o Haaretz, o jovem de 25 anos é apátrida, por isso não há para onde deportá-lo. Porém, de acordo com um relato da ONG de direitos humanos B’Tselem, Abu Hafez e seus irmãos tinham passaportes brasileiros, mas os documentos já expiraram.
Em 2007, seu tio submeteu uma requisição de reunificação familiar no escritório da Autoridade Palestina para que a família ganhasse um visto de residência. O requerimento foi enviado, como define o procedimento, para a Administração Civil das Forças Armadas israelenses na Cisjordânia.
O governo de Israel é responsável por controlar o registro da população palestina, determinando quem e quantas pessoas podem receber a residência na Faixa de Gaza e Cisjordânia. Porém, desde o início do século XX, Israel não vêm cumprindo a cota anual de aprovação de residências determinada pelo Acordo de Oslo.
O pedido de reunificação familiar ficou congelado até agosto de 2018, quando Hafez já estava há um ano e meio preso, até que a Hamoked questionou o status da requisição. Como resposta, Israel disse que o pedido fora negado por motivos de segurança.
Segundo a organização, não havia na audiência em que Hafez foi liberado nenhuma informação de segurança que poderia barrar seu pedido.