Israel critica EUA por ameaça de suspender envio de armas: ‘Decepcionante’
Presidente americano, Joe Biden, disse que cortaria parcialmente ajuda militar a Tel Aviv no caso de uma invasão total a Rafah, em Gaza
Autoridades de Israel criticaram o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, na quinta-feira, 9, após ele ameaçar interromper o fornecimento de certas armas a Tel Aviv se houver uma invasão total a Rafah, cidade no sul de Gaza que abriga mais de 1 milhão de palestinos.
“Esta é uma declaração difícil e muito decepcionante de ouvir de um presidente a quem somos gratos desde o início da guerra”, disse o embaixador de Israel nas Nações Unidas, Gilad Erdan, em entrevista a uma rádio pública, na primeira reação de autoridades do país ao alerta de Biden.
“Israel vai fazer o que acha que precisa ser feito”
Segundo a agência de notícias AFP, Erdan afirmou que a postura dos Estados Unidos “dará esperança de sucesso” os inimigos do Estado judaico – Irã, o grupo terrorista palestino Hamas e a facção islâmica libanesa Hezbollah. “Se Israel for impedido de entrar numa área tão importante e central como Rafah, onde existem milhares de terroristas, reféns e líderes do Hamas, como exatamente devemos alcançar os nossos objetivos?” questionou.
“O Estado de Israel terá que fazer o que acha que precisa ser feito para a segurança dos seus cidadãos”, concluiu o diplomata.
O ministro das Finanças de Israel, o direitista ultraortodoxo Bezalel Smotrich, também disse que seu governo continuará a perseguir seus objetivos em Gaza, independente das ameaças dos Estados Unidos.
“Alcançaremos a vitória completa nesta guerra, apesar da resistência do presidente Biden e do embargo de armas”, disse ele em um comunicado. “Devemos continuar a guerra até que o Hamas seja totalmente eliminado e os nossos reféns voltem para casa. Isto envolve conquistar Rafah completamente. E quanto mais cedo melhor.”
Ameaças em Rafah
Apesar das críticas e objeções da comunidade internacional, o exército israelense enviou tanques e conduziu “ataques seletivos” na região leste de Rafah. De acordo com Tel Aviv, o local é reduto dos últimos batalhões significativos que restam do Hamas, grupo terrorista palestino que controla o enclave.
A cidade na fronteira com o Egito, porém, também está repleta de civis palestinos, grande maioria dos quais buscaram refúgio por lá devido aos bombardeios israelenses no resto de Gaza. O exército israelense ordenou a retirada de 100 mil civis da área, o que a agência das Nações Unidas no local, a UNWRA, qualificou de “deslocamento forçado”.
Alerta de Biden
Em entrevista à emissora americana CNN, o presidente americano afirmou que os Estados Unidos não apoiam uma invasão total a Rafah, e que interromperiam parcialmente o auxílio militar a Tel Aviv como punição caso a nação decidisse seguir por esse caminho.
“Se eles forem para Rafah, não fornecerei as armas que serão usadas para lidar com a cidade”, disse Biden, na sua declaração mais áspera a Israel desde o início da guerra. “Civis foram mortos em Gaza como consequência dessas bombas. É simplesmente errado.”