Residentes da cidade de Rafah, na Faixa de Gaza, relataram que forças de Israel bombardearam mais uma vez áreas próximas à região nesta quinta-feira, 9. A ofensiva ocorre ao mesmo tempo em que o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, ameaçou o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, de paralisar envios de armas ao país caso ataques ao sul de Gaza persistam.
Na noite desta quinta-feira, uma última rodada de negociações aconteceu no Egito, em uma tentativa de interromper o conflito e uma escalada em Rafah, onde estão cerca de 1,2 milhão de pessoas, incluindo milhares de deslocados de Gaza. O grupo militante palestino Hamas, responsável pelo atentado de 7 de outubro, chegou a aceitar um cessar-fogo mediado pelo Egito e pelo Catar. O acordo, no entanto, não foi aceito por Israel, que chegou a enviar representantes para debater um acordo de libertação de reféns, mas que afirmou que as propostas estavam longe de suas demandas.
A maior parte da área urbana de Rafah ainda não foi invadida por forças terrestres israelenses, mas um ataque aéreo perto de uma mesquita matou três pessoas. Outra investida no bairro de Sabra matou 12 pessoas.
A cidade na fronteira com o Egito, porém, também está repleta de civis palestinos, grande maioria dos quais buscaram refúgio por lá devido aos bombardeios israelenses no resto de Gaza. O exército israelense ordenou a retirada de 100 mil civis da área, o que a agência das Nações Unidas no local, a UNWRA, qualificou de “deslocamento forçado”.
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Entre os mortos estava um comandante sênior das Brigadas Al-Mujahedeen e sua família, além de familiares de outro líder do grupo. De acordo com o governo de Israel, os militantes do Hamas estão escondidos em Rafah, onde a maioria palestina se abrigou desde o início da guerra em busca de refúgio.
Esperança no fim do túnel
Nos EUA, o governo repete sua esperança de que Israel não lance uma operação completa em Rafah, afirmando que não acredita que isso vai ajudar o país a alcançar seu objetivo, que é derrotar o Hamas. O porta-voz da segurança nacional americana, John Kirby, afirmou que o grupo palestino já foi pressionado pelo governo israelense e que existem outras maneiras de acabar com o grupo sem colocar a vida de civis em risco.
Até o momento, a guerra em Gaza já matou quase 35 mil palestinos e feriu 80 mil, sendo a maioria deles civis. Biden, que também demonstrou preocupação com o ataque, afirmou que Israel não mostrou um plano convincente para proteger os civis em Rafah e emitiu um alerta mais severo sobre a invasão terrestre.
“Se eles forem para Rafah, não fornecerei as armas que serão usadas para lidar com a cidade”, disse Biden, na sua declaração mais áspera a Israel desde o início da guerra. “Civis foram mortos em Gaza como consequência dessas bombas. É simplesmente errado”.