Caças de Israel bombardearam a Faixa de Gaza durante horas nesta terça-feira (29), depois de militantes palestinos terem disparado 28 morteiros em comunidades no sul israelense. A ação militar de hoje, realizada após semanas de confrontos sangrentos, foi considerada a maior desde a guerra entre o Hamas e Israel, em 2014.
As Forças Armadas israelenses disseram que ninguém se feriu por causa dos disparos e que outros 28 morteiros foram interceptados pelo seu sistema de defesa, o “Domo de Ferro”. Um deles, porém, caiu perto de uma escola infantil antes de ter aberto seus portões.
Fontes palestinas disseram que pelo menos uma posição do Hamas e quatro da Jihad Islâmica foram atacados, aparentemente sem causar vítimas. Agentes de segurança de Israel afirmaram que os caças atingiram um local de treinamento do Jihad Islâmica. Um líder desse grupo em Gaza, Khaled al-Batsh, defendeu seu direito de responder aos “crimes sionistas”.
O elevado volume de projéteis disparado de lado a lado acentua as tensões. Há duas semanas, soldados israelenses mataram 60 pessoas e feriram mais de 2.000 em Gaza durante manifestação contra os 70 anos da nakba (catástrofe), como os palestinos se referem à independência de Israel. Também protestavam contra a inauguração da embaixada dos Estados Unidos em Jerusalém.
O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu prometeu hoje uma resposta vigorosa a Gaza. “Israel cobrará um preço alto daqueles que buscam prejudicá-lo e vê o Hamas como responsável por evitar tais ataques”, comentou Netanyahu. “O Exército israelense responderá com força a esses ataques.”
Em comunicado, o Hamas explicou que “a resistência (palestina) desta manhã faz parte do direito natural de defender nosso povo”. “A ocupação israelense é inteiramente responsável por uma possível escalada”, acrescentou.
Bloqueio marítimo
Em paralelo, uma flotilha de dezenas de pequenos barcos de pesca palestinos lançou-se ao Mar Mediterrâneo para tentar romper o bloqueio marítimo do enclave por Israel. Os barcos, que levavam pacientes e estudantes, além de pescadores, se aproximaram do limite de nove milhas náuticas (16 quilômetros), onde estavam ancorados os navios israelenses responsáveis pelo respeito ao bloqueio.
A intenção desta operação marítima, proclamada como pacífica por seus organizadores, não estava clara. Uma tentativa de furar o bloqueio poderia resultar em resposta violenta dos navios de Israel.
Pouco antes da partida, Ehab Abou Armana, um dos embarcados, gritou em voz alta para as centenas de pessoas de uma pequena plataforma: “Vocês não podem realizar seus sonhos apenas esperando. Esta é uma mensagem a todos que estão com fome, que foram feridos”, disse. “Nós somos uma nação, nós merecemos mais! É melhor morrer de cabeça erguida do que de joelhos diante do ocupante.”
Isam Hammad, um dos membros do comitê organizador, insistiu ser a manifestação pacífica e “absolutamente não dirigida contra Israel”. O enclave está sob um estrito bloqueio israelense terrestre, aéreo e marítimo há mais de uma década. O Egito mantém também bloqueada sua fronteira terrestre com a Faixa de Gaza.
A Faixa de Gaza vive um novo aumento das tensões desde 30 de março e o início de uma mobilização denominada a “grande marcha do retorno”. Pelo menos 121 palestinos foram mortos por tiros israelenses desde então.
(Com Associated Press e AFP)