Líderes israelenses aprovaram uma operação militar na cidade de Rafah, na Faixa de Gaza, e forças do país estão atacando alvos na área, anunciaram autoridades nesta segunda-feira, 6, apesar de intensa pressão internacional. Mais cedo, as Forças de Defesa de Israel (FDI) ordenaram a retirada de 100 mil palestinos de Rafah — por lá, estão cerca de 1,2 milhão de pessoas, incluindo milhares de deslocados de Gaza.
“O Gabinete de Guerra decidiu por unanimidade que Israel continua a sua operação em Rafah, a fim de exercer pressão militar sobre o Hamas”, disse o gabinete num breve comunicado. “Ao mesmo tempo, embora a proposta do Hamas esteja longe dos requisitos necessários de Israel, Israel enviará uma delegação de trabalho aos mediadores”.
+ Biden reforça a Netanyahu ‘posição clara’ dos EUA sobre ofensiva em Rafah
Segundo o gabinete, as FDI testão “atualmente conduzindo ataques mirados contra alvos de terror do Hamas no leste de Rafah”.
Em telefonema nesta segunda-feira, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, reiterou a Netanyahu sua “posição clara” ao iminente ataque à cidade. Embora não tenha oferecido detalhes sobre o posicionamento, o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, reforçou a importância da proteção da vida de civis na guerra na semana passada, durante o Fórum Econômico Internacional, em Riad, capital da Arábia Saudita.
A pressão de Washington, maior aliado de Israel, para a interrupção da ofensiva em Rafah segue uma série de advertências americanas sobre a escalada da violência no enclave palestino, onde mais de 34 mil pessoas foram mortas em meio aos incessantes bombardeios israelenses.
O chefe dos direitos humanos da ONU, Volker Türk, classificou como desumana a exigência de Israel para que os palestinos se mudassem de Rafah.
“Os habitantes de Gaza continuam a ser atingidos por bombas, doenças e até pela fome. E hoje, disseram-lhes que devem deslocar-se mais uma vez à medida que as operações militares israelitas em Rafah aumentam. Isto é desumano. É contrário aos princípios básicos da política internacional. leis humanitárias e de direitos humanos, que têm a proteção efetiva dos civis como a sua principal preocupação”, disse Türk num comunicado.
O anúncio dos ataques acontece também poucas horas após o grupo militante palestino Hamas dizer ter aceitado uma proposta de cessar-fogo mediada por Egito e Catar. Em nota, o gabinete do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, disse que a proposta está “longe das exigências essenciais de Israel”.
A agência de notícias Associated Press reportou que o Catar emitiu um comunicado dizendo que o líder político do Hamas, Ismail Haniyeh, confirmou a notícia durante um telefonema com o primeiro-ministro do país, Mohammed bin Abdul Rahman Al Thani, e com o chefe da inteligência do Egito, Abbas Kamel.
Biden, então, “atualizou o primeiro-ministro sobre os esforços para garantir um acordo de reféns, inclusive por meio de negociações em andamento hoje em Doha, no Catar”. Segundo o porta-voz do Departamento de Estado americano, Matthew Miller, o acordo “traria um cessar-fogo imediato, permitiria um maior movimento de assistência humanitária e por isso vamos continuar a trabalhar para tentar chegar a um [entendimento]”. A única pausa nas hostilidades foi realizada em novembro, quando foram libertados 105 reféns do Hamas e 240 palestinos presos em Israel.