As forças iraquianas lançaram neste domingo uma ofensiva para libertar o oeste de Mossul, uma batalha que se anuncia difícil para expulsar os extremistas do grupo Estado Islâmico de seu último reduto no Iraque. Milhares de homens estão mobilizados nestas operações, que começaram no início da manhã com a tomada de duas localidades próximas ao aeroporto situado no sul da segunda cidade do país.
O primeiro-ministro, Haider al Abadi, anunciou o lançamento da ofensiva: “Nínive, viemos para libertar a parte oeste de Mossul”, afirmou em um breve discurso televisionado, referindo-se à província de Nínive, cuja capital é Mossul. “Nossas forças começaram a libertar os cidadãos do terror do Daesh”, acrescentou, utilizando o acrônimo árabe do EI. O anúncio foi feito quatro meses após o lançamento, no dia 17 de outubro, de uma grande ofensiva para retomar Mossul. Depois de semanas de duros combates, em janeiro conseguiram controlar a parte leste da cidade.
Cercado no seu último grande reduto no Iraque, o EI opõe desde 17 de outubro uma feroz resistência para defender Mossul, onde seu líder, Abu Bakr al-Baghdadi, havia proclamado um califado em junho de 2014.
Cerco a Mossul – Depois controlar os arredores de Mossul, as forças de elite iraquianas precisaram de mais de dois meses para reconquistar, no final de janeiro, a parte leste de Mosul. A parte ocidental é menor que a oriental, mas está mais densamente povoada e é nesta área onde se encontram alguns dos redutos dos extremistas. Segundo a ONG Save the Children, cerca de 350.000 crianças se encontram na parte oeste da cidade.
A batalha pelo oeste de Mossul “pode ser mais difícil, com combates casa por casa, mais sangrentos e em maior escala”, adverte Patrick Skinner, do Soufan Group Intelligence Consultancy. Além disso, os extremistas podem se beneficiar de um maior apoio das pessoas da zona oeste, principalmente sunitas, do que na parte leste, estimam os analistas. “A resistência do EI pode ser maior nesta área e será mais difícil, mas é mais essencial”, afirma Emily Anagnostos, do Institute for the Study of War.
A coalizão internacional liderada por Washington celebrou neste domingo a retomada da ofensiva, “uma batalha difícil para qualquer exército” e para a qual “as forças iraquianas estão à altura do desafio”, declarou o comandante americano Stephen Townsend. Ele elogiou o envolvimento de “bravos soldados” e “policiais” iraquianos, mas também das “milícias”, embora algumas destas últimas estejam diretamente ligadas ao Irã.
A conquista de Mossul significaria o fim da presença no Iraque de EI como força implantada no território. O primeiro-ministro iraquiano afirmou no final de dezembro que seriam necessários três meses para expulsar o EI do país. Na vizinha Síria, o EI defende com unhas e dentes o seu reduto de Raqa, assim como a cidade vizinha de Al Bab, perto da fronteira turca.
Leste de Mossul – Pelo menos três civis morreram e outros 21 ficaram feridos neste domingo em vários ataques realizados pelo grupo terrorista Estado Islâmico (EI) no leste de Mossul, que coincidiram com o início de uma nova ofensiva das forças iraquianas nesta cidade. No primeiro ataque, perto de um restaurante no bairro de Al Zuhur, um civil morreu e outros sete ficaram feridos. O segundo atentando, junto a um mercado no bairro de Nabi Yunis, provocou a morte de dois civis e ferimentos em outros cinco, alguns deles de gravidade. No mesmo bairro, um jihadista detonou um carro-bomba contra um posto de controle das forças iraquianas e pelo menos cinco soldados ficaram feridos, dois deles em estado grave.
(Com AFP e EFE)