Citando um “grande sucesso político”, o governo iraniano expressou nesta quarta-feira, 23, um sentimento de vitória após o Conselho de Segurança das Nações Unidas rejeitar a tentativa dos Estados Unidos de reimpor sanções suspensas sob o acordo nuclear de 2015.
“A nação iraniana teve um grande sucesso político, jurídico e diplomático nas Nações Unidas. A razão desta vitória reside unicamente na adesão e resistência do povo”, declarou o presidente iraniano, Hassan Rouhani, no conselho de ministros. “A grandeza dos Estados Unidos caiu, assim como a hegemonia mundial que pensava dispor”, completou o mandatário em um discurso televisionado.
Desde que os Estados Unidos abandonaram de forma unilateral o acordo nuclear, Washington tenta estrangular a economia iraniana com embargos unilaterais com o objetivo de pressionar Teerã a negociar um novo texto. Apesar de terem obtido algum sucesso com as restrições econômicas, falta aos Estados Unidos o apoio da comunidade internacional em sua política de pressão máxima contra os iranianos.
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Clique e AssineAs sanções entraram em vigor na segunda-feira 21, após serem anunciadas no final de semana. O embargo, decretado pelo presidente americano, Donald Trump, atinge entidades ou pessoas que pelo menos “tentem se envolver em qualquer atividade com risco de contribuir para a proliferação de armas para uso militar pelo governo do Irã ou organizações paramilitares apoiadas pelo Irã”, como o grupo libanês Hezbollah.
Em agosto, após outra votação no Conselho de Segurança ter negado uma ampliação dos embargos, Trump já havia enviado o secretário de Estado, Mike Pompeo, à sede da ONU para avisar que iriam restaurar de forma unilateral as sanções do Conselho. No entanto, Reino Unido, França e Alemanha alegaram que Washington não tinha legitimidade para tal, uma vez que a reativação do mecanismo está sujeita ao acordo nuclear.
No primeiro dia da Assembleia-Geral da ONU, na terça-feira 22, o presidente da França, Emmanuel Macron, disse que seu país e aliados europeus não cederão em sua recusa a apoiar o restabelecimento das sanções da ONU contra o Irã.
“Seria um atentado contra a unidade do Conselho de Segurança, contra a integridade de suas decisões e significaria o risco de agravar ainda mais as tensões na região”, disse o presidente francês, que lembrou que o bloco europeu ainda busca fazer com que o Irã cumpra com a sua parte do acordo, uma vez que Teerã voltou a enriquecer urânio sob a justificativa de que Washington, ao sair do acordo e reimpor sanções, viola salvaguardas do texto, o que daria aos iranianos a legitimidade para o país voltar com a atividade nuclear.