A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) recebeu nesta quarta-feira, 26, acesso do governo iraniano a duas instalações que são suspeitas de manterem atividades nucleares. O acordo firmado com a agência nuclear da Organização das Nações Unidas (ONU) ocorre após a viagem do argentino Mariano Grossi, atual presidente da AIEA, a Teerã.
O comunicado do governo afirma que o “Irã concede voluntariamente à AIEA acesso a dois sítios que a agência reivindicava” e que “foram acordadas as datas de acesso e as atividades de verificação da AIEA”.
O conselho de governadores da AIEA, com sede em Viena, adotou em junho uma resolução proposta por vários Estados europeus, pedindo a Teerã que desse livre acesso a seus inspetores. O objetivo é esclarecer se atividades nucleares não declaradas ocorreram em duas instalações no início dos anos 2000.
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Até agora, o Irã se recusava a responder aos pedidos da AIEA, porque eles teriam origem e influência de Israel.
O ministro das Relações Exteriores do Irã, Mohammad Javad Zarif, pediu que a agência adotasse um comportamento imparcial, segundo a agência de notícia iraniana Tasnim. Por sua vez, Grossi assegurou ao iraniano que irá desempenhar seu papel com a imparcialidade exigida e lembrou que a cooperação de Teerã com a agência é de interesse de ambos.
O anúncio da inspeção da AIEA ocorre dias após a tentativa dos Estados Unidos de reaplicarem as sanções do Conselho de Segurança da ONU contra o Irã. A tentativa, porém, foi barrada após 13 dos 15 membros do Conselho terem votado contra a retomada das restrições.
As sanções que estão paradas no Conselho de Segurança fazem parte do acordo nuclear firmado entre Irã, Estados Unidos, Alemanha, França, Reino Unido, China e Rússia em 2015. O pacto prevê a retirada das medidas restritivas se Teerã não desenvolver sua indústria nuclear para fins bélicos.
Em 2018, os Estados Unidos abandonaram unilateralmente o acordo e iniciaram uma campanha de pressão política e econômica contra o Irã por afirmarem que o país estaria descumprindo o acordo. A saída repentina dos americanos do pacto levou a um aumento de tensão no Golfo Pérsico e, principalmente, no Estreito de Hormuz, quando navios petroleiros foram atacados na região na qual se transportam cerca de um quarto dos hidrocarbonetos produzidos no mundo.
Em janeiro de 2020, a Casa Branca autorizou o assassinato do general iraniano Qasem Suleimani. O episódio tensionou ainda mais as relações entre os países. Em resposta, Teerã atirou mísseis contra uma base americana no Iraque.
O revide, no entanto, causou a morte de 180 pessoas, após o avião comercial em que estavam ser confundido com uma aeronave inimiga e abatido com artilharia anti-aérea.