Pelo menos 10 pessoas morreram e quatro estão desaparecidas depois que tempestades dramáticas provocaram graves inundações na região central de Marche, na Itália, nesta sexta-feira, 16. O evento excepcional forçou políticos a finalmente abordarem o tema da crise climática, uma semana antes das eleições gerais.
Pessoas conseguiram se salvar subindo em telhados e árvores. Cinquenta pessoas estão sendo tratadas em hospitais.
Chuvas fortes atingiram a região na tarde de quinta-feira 15, fazendo com que as ruas se transformassem em rios. A cidade mais atingida, Cantiano, registrou 420 milímetros de chuva em poucas horas, equivalente a seis meses de chuva de 2021, segundo o jornal italiano Corriere della Sera.
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A capital regional de Ancona e áreas circundantes também foram gravemente afetadas.
“É uma tragédia”, disse Manuela Bora, vereadora local do Partido Democrata, de centro-esquerda. “Mas não houve aviso, o que nos deixa sem palavras – não estávamos preparados para uma chuva tão intensa. Em algumas cidades é muito sério, como um apocalipse.”
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Carlo Manfredi, prefeito de Castelleone di Suasa, disse ao Rai News na manhã de sexta-feira que as equipes de resgate ainda estavam procurando por um menino de oito anos.
“Ontem à noite encontramos sua mãe viva”, disse ele. “Ela estava no carro quando viu a água chegando e saiu com a criança nos braços. Mas então eles foram arrastados para longe.”
Acredita-se que uma menina de 17 anos e sua mãe foram arrastadas pelas águas da enchente perto da cidade de Senigallia enquanto tentavam fugir da área de carro.
Francesco Acquaroli, governador de Marche do partido Irmãos da Itália – legenda de extrema-direita que provavelmente conquistará as eleições para premiê de 25 de setembro –, disse ter recebido solidariedade do presidente Sergio Mattarella e do primeiro-ministro, Mario Draghi. “A dor pelo que aconteceu é profunda, mas a comunidade de Marche é forte e saberá como reagir”, disse ele.
Giorgia Meloni, líder dos Irmãos da Itália que pode se tornar primeira-ministra da Itália, ofereceu “plena solidariedade” aos afetados.
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A crise climática esteve, em grande parte, ausente do debate no período que antecedeu as eleições, apesar dos cientistas terem lançado uma petição em agosto que foi assinada por mais de 120.000 pessoas pedindo aos políticos que priorizassem o tema.
Enrico Letta, líder do Partido Democrata de centro-esquerda, anunciou na sexta-feira que ia suspender a campanha pela tragédia, acrescentando que estava “atordoado e sem palavras”.
“Como você pode pensar que a luta contra as mudanças climáticas não é a primeira prioridade?”, disse.
O rio mais longo da Itália, o Po, sofreu este ano sua pior seca em sete décadas. No início de julho, 11 pessoas morreram devido a um deslizamento em uma geleira no lado norte da montanha Marmolada nas Dolomitas, causando uma avalanche fatal.
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