A taxa de inflação da Argentina deve disparar para 250,6% neste ano e a economia deve encolher mais do que o previsto anteriormente, de acordo com um relatório da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) publicado nesta segunda-feira, 5.
“Prevê-se que a inflação elevada e o aperto fiscal considerável resultem num declínio da produção na Argentina em 2024, antes que o crescimento recupere em 2025, à medida que as reformas comecem a entrar em vigor”, afirmou a OCDE numa atualização do seu relatório de perspectivas econômicas mundiais, citando as reformas prometidas pelo presidente ultraliberal Javier Milei.
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Em seu último relatório, em novembro, a OCDE previa uma inflação média anual de 157% para a Argentina. No entanto, o aumento dos preços ao consumidor “acelerou no final de 2023, implicando um forte efeito de transferência para a inflação média anual em 2024”. Na atualização, a contratação da economia foi alterada de 1,3% para 2,3%.
Em janeiro, o governo da Argentina chegou a um acordo com o Fundo Monetário Internacional em relação à dívida de 44 bilhões de dólares do país que envia cerca de 3,3 bilhões de dólares a Buenos Aires e que o governo de Milei, por sua vez, utilizará para pagar dívidas anteriores com vencimento no final do mês e posteriormente.
Herdeiro da pesada despesa, o ex-presidente Alberto Fernández, derrotado pelo ultraliberal nas últimas eleições, assinou um novo plano de pagamentos em 2020. A Argentina, porém, não cumpriu os últimos repasses, então seria preciso negociar a suspensão da punição por esse calote – que é justamente a não liberação de empréstimo pelo FMI. Milei considera justamente que o não cumprimento das metas estipuladas há quatro anos torna o acordo “virtualmente fracassado”, e portanto passível de duras mudanças.
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Analistas avaliam que um acordo bem sucedido pode fortalecer a balança de pagamentos da Argentina, ao mesmo tempo em que envia uma mensagem positiva aos investidores internacionais. No entanto, uma greve geral organizada por sindicatos está marcada para 24 de janeiro, enquanto cenas de moradores de Buenos Aires batendo panelas e frigideiras, desafiando sua campanha de austeridade, estão se tornando rotina. A inflação provavelmente ultrapassou 200% em dezembro, de acordo com estimativas privadas, à medida que Milei desmantelou os controles de preços em meio à desvalorização do peso.
Também há receio de que o controverso plano econômico do presidente, com medidas impostas por decretos e ainda não aprovadas pelo Congresso, seja visto com maus olhos pelo FMI.
Ainda que tenha apoio popular, já que garantiu 56% dos votos no segundo turno, Milei não possui maioria no Congresso, e precisará superar o obstáculo legislativo para que suas reformas radicais sejam implementadas. Vários tribunais estão avaliando se o seu “decretaço”, com mais de 300 propostas, é “inconstitucional” – a justiça já anulou partes da reforma trabalhista prevista no pacote.