Agricultores da Índia carregam ratos vivos entre os dentes e crânios humanos em protestos para chamar a atenção do governo para uma seca extrema que atinge a região de Tamil Nadu, um dos estados mais desenvolvidos do país. Há quarenta dias, os cerca de cem fazendeiros estão acampados em uma área da capital Nova Délhi que permite manifestações exibindo caveiras que dizem ser de vítimas da estiagem.
“Eu e outros estamos tentando transmitir a mensagem de que seremos forçados a comer ratos se as coisas não melhorarem”, disse Chinnagodangy Palanisamy, de 65 anos, à britânica BBC.
Segundo os fazendeiros, é preciso que o governo ofereça recursos que ajudem os agricultores a enfrentar as condições extremamente desfavoráveis à produção, como preços melhores para seus produtos, alternativas para irrigar as plantações e pensões para os mais velhos.
Além dos ratos e crânios, um dos agricultores envolveu o pescoço em uma corda e ameaçou se enforcar. Os bombeiros resgataram o homem e também têm levado dezenas de agricultores com quadros de desidratação aguda a hospitais da capital. Os manifestantes têm criticado a imprensa do país, que retratam o protesto com um ‘show de horrores’ e deixa de mencionar o profundo desespero que levou os fazendeiros a sair de seu estado para tentar chamar a atenção do governo para a situação insustentável devido à seca.
Suicídios
Tamil Nadu, onde cerca de 40% da população vive da agricultura, está passando pela pior crise das últimas décadas. “Chegamos a uma situação em que centenas de agricultores estão se suicidando por não conseguirem pagar os empréstimos que fizeram. Mesmo assim, nosso primeiro-ministro faz muito pouco. Estamos aqui para que nos ajudem com esses débitos”, afirmou P. Ayyakannu, presidente da South Indian Rivers Linking Farmers Association, à Reuters.
Segundo informações do National Crime Records Bureau, que recolhe informações mundiais, mais de 12.600 fazendeiros e trabalhadores ligados à agricultura se suicidaram em 2015 em todo o mundo – 10% das mortes aconteceu na Índia. De acordo com os dados, 60% dessas mortes esteve ligada à falência ou impossibilidade de saldar débitos.