Black Friday: Revista em casa a partir de 8,90/semana
Continua após publicidade

Incêndio na Austrália: governo ordena evacuação de 240 mil pessoas

Apesar de as previsões apontarem para uma queda do vento, a partir deste sábado, as autoridades antecipam que as próximas horas serão 'muito complicadas'

Por Agência Brasil 10 jan 2020, 23h47
  • Seguir materia Seguindo materia
  • As autoridades australianas enviaram, nesta sexta-feira, 10,, mensagens de celular a 240 mil pessoas no estado de Victoria recomendando-lhes que estejam prontas para fugir da sua área de residência “assim que recebam a ordem”. Apesar de as previsões apontarem para uma queda do vento, a partir deste sábado, as autoridades antecipam que as próximas horas serão “muito, muito complicadas”.

    As populações de regiões de alto risco, em Nova Gales do Sul e Austrália do Sul, foram igualmente notificadas para pensarem em abandonar as suas casas, mas não foi revelado quantas pessoas receberam a mensagem.

    Shereen e Kim Green, proprietários de três casas e de 50 cabeças de gado nos arredores da cidade costeira de Éden, na Nova Gales do Sul, foram entrevistados enquanto enchiam um tanque com capacidade para mil litros de água.

    Atrás deles, o horizonte era só fumaça, enquanto o ar em torno ficava carregado de cinzas empurradas pelos ventos fortes.

    “Isto é para apagar focos de incêndio e vamos ficar a pé a noite toda para proteger a nossa propriedade”, explicou Shereen, enquanto o seu veículo estremecia sob as rajadas de vento. “Estamos a aproveitar a oportunidade enquanto podemos”.

    Em Éden, o nível de alerta subiu para atenção e ação na noite de sexta-feira. Sob uma torre de vigia, Robyn Malcom, outro residente, garantiu que “se tudo correr mal, vamos correr para o porto e embarcamos num barco”.

    Continua após a publicidade

    Aos jornalistas, o primeiro-ministro, Scott Morrison, revelou que os militares estão de prontidão para agir no terreno, caso as condições de eclosão de incêndio se tornem extremas, sob altas temperaturas e ventos erráticos.

    Críticas e protestos

    Morrison está ele mesmo debaixo de fogo, após milhares de australianos terem saído à rua na tarde de sexta-feira, contra a estratégia do governo para combater as alterações climáticas.

    O primeiro-ministro da Austrália tem rejeitado as críticas e, aos microfones da radio 2GB, mostrou-se desapontado com a relação que as pessoas têm feito entre os recentes incêndios no seu país e os objetivos de redução de gases de estufa.

    “Não queremos objetivos e alvos de destruição de empregos, de destruição de economia e de desmantelamento econômico, que não mudarão o fato de que temos incêndios florestais ou coisas dessas na Austrália”, afirmou Morrison.

    Continua após a publicidade

    Várias das estradas principais do sudeste australiano estavam fechadas esta tarde, devido à fumaça e às chamas.

    Em torno de Sidney, foram as manifestações que bloquearam a circulação automóvel, com pessoas a cantar “ScoMo has to go!” [“ScoMo vai-te embora”]. Houve protestos também em Camberra, capital da Austrália, e em Melbourne, cidades recentemente incluídas na lista dos lugares com pior poluição atmosférica do mundo devido à fumaça dos incêndios.

    A ira chegou mesmo à Grã-Bretanha, onde uma centena de pessoas se manifestou junto à sede da Alta Comissão da Austrália, em Londres.

    “Estou aqui porque o governo australiano não está a fazer absolutamente nada sobre as alterações climáticas. Pelo contrário, de forma geral negam-no e precisam ser submetidos a pressão intensa”, disse Peter Cole, um londrino de 76 anos, erguendo um cartaz que acusa Scott Morrison de “tocar violino, enquanto a Austrália arde”.

    Continua após a publicidade

    Outro cartaz chamava Morrison de fossilfool, num trocadilho com as palavras inglesas para combustíveis fósseis.

    Horas “muito complicadas”

    Daniel Andrews, responsável pelo estado de Victoria, um dos mais afetados pelos incêndos, criticou as manifestações, dizendo que desviam recursos securitários e são inoportunas.

    “O senso comum diz-nos que há outras alturas para marcar posição”, reagiu Andrews num briefing na televisão. “Respeito o direito das pessoas ao seu ponto de vista, e estou inclinado a concordar com muitos dos pontos referidos – as alterações climáticas são reais – mas há um tempo e um lugar para tudo e não penso de um protesto esta noite seja algo apropriado”.

    As autoridades do estado estão focadas no evoluir das condições atmosféricas e dos fogos ativos, e na proteção das populações.

    Continua após a publicidade

    “Até com chuva em Melbourne, mesmo com a precisão de melhoria de condições na próximas semana, há ainda um longo caminho a percorrer naquilo que tem sido uma prevalência de incêndios sem precedentes”, disse Andrews. “E, claro, sabemos que temos muitas semanas da época de incêndios pela frente”, acrescentou.

    “As próximas horas vão ser muito, muito complicadas”.

    Lisa Neville, ministra de Victoria para a Proteção Civil, informou que as comunidades receberam telefones satélite, comida para bebês, alimentos, fraldas e lanternas, para o caso de ficarem isoladas.

    Mais 1 grau Celsius desde 1910

    Nova Gales do Sul contabilizava ao início da noite de sexta-feira 160 fogos ativos, 46 dos quais sem controle. Dois evoluíam sob o “nível de emergência” e mais oito sob a categoria “atenção e ação”. O restante mantinha-se no nível mais baixo de atenção.

    Continua após a publicidade

    No vizinho estado de Victoria contavam-se 36 incêndios, nove deles em nível de emergência. O estado já perdeu 1,3 milhões de hectares para as chamas nos meses recentes.

    Numa área de fronteira entre ambos os estados, dois incêndios estavam prestes a se fundir, criando um incêndio de mais de 600 mil hectares.

    Desde outubro já morreram 27 pessoas e milhares foram forçadas a fugir, várias vezes, devido a incêndios devastadores, que queimaram mais de 10 milhões de hectares – numa área semelhante à da Coreia do Sul – provocando igualmente a perda de milhares de espécies naturais e uma catástrofe ecológica.

    Cientistas do clima alertam que a frequência e intensidade dos incêndios se irá agravar à medida que o continente australiano se tornar mais quente e seco. Desde que há registos (1910), o clima da Austrália aqueceu cerca de 1 grau Celsius, revelou esta semana a cientista da NASA Kate Marvel.

    “Isto torna mais prováveis as ondas de alta temperatura e de fogos”, tweetou Marvel. “Não há explicações para isto – nenhuma – que faça sentido, além das emissões de gases de estufa”, acrescentou.

    Publicidade

    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Semana Black Friday

    A melhor notícia da Black Friday

    BLACK
    FRIDAY

    MELHOR
    OFERTA

    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    Apenas 5,99/mês*

    ou
    BLACK
    FRIDAY
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (a partir de R$ 8,90 por revista)

    a partir de 35,60/mês

    ou

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.