As aparências enganam, é o que informa a foto ao lado, tirada em algum lugar de Beirute, no Líbano, na quarta-feira 25. Estão nela um dos chefes do Hamas e fundador do seu braço armado, Saleh al-Arouri (à esq.); Ziad al-Nakhalah, líder de outra facção da Faixa de Gaza, a Jihad Islâmica; e Hassan Nasrallah, cabeça da milícia libanesa Hezbollah. Do encontro saiu um comunicado anunciando que a aliança “alcançará a verdadeira vitória para a resistência” contra Israel. A mensagem é clara, em forma de ameaça. O trio evidencia o perigo de o Hezbollah entrar em cena com virulência, para além dos ataques diários já promovidos ao norte do estado judeu. Convém estar atento: o Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais diz que o grupo é “o ator não estatal mais fortemente armado do mundo”. Os dois retratos de aiatolás, em cima da mesa com flores, embutem outro recado: o Irã está no jogo, como principal financiador dos grupos terroristas na região. De acordo com os Estados Unidos, Teerã treina e arma tanto o Hezbollah quanto o Hamas e a Jihad, em investimento da ordem de centenas de milhões de dólares por ano. O governo de Benjamin Netanyahu — que só errou antes da guerra, severamente criticado dentro de casa antes do confronto, e que não enxergou os ataques que se avizinhavam — tem pela frente uma travessia complicada: dizimar o Hamas, invadindo Gaza, pode não ser o suficiente para alcançar a paz diante das inúmeras células do terror incrustadas ao seu redor.
Publicado em VEJA de 27 de outubro de 2023, edição nº 2865