Último Mês: Veja por apenas 4,00/mês
Continua após publicidade

Ilha de Barbados elege sua presidente e priva Elizabeth de mais um trono

Outras ex-colônias que mantiveram a monarquia depois da independência já haviam se desfeito dela posteriormente, mas há quase trinta anos isso não ocorria

Por Caio Saad Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 4 jun 2024, 13h23 - Publicado em 7 nov 2021, 08h00
  • Seguir materia Seguindo materia
  • No ocaso de seu longuíssimo reinado — 69 anos, e contando —, a rainha Elizabeth II desfruta enorme popularidade entre seus súditos. A maioria a acompanha e apoia nas horas difíceis que enfrenta com admirável fleuma aos 95 anos, como a morte do marido, príncipe Philip, o processo por abuso sexual que pesa sobre o filho preferido, Andrew, e a decisão do neto Harry de dar uma banana à realeza e se mudar com a família para os Estados Unidos. No fim de outubro, ela passou dois dias hospitalizada, por motivos não explicados, e cancelou uma série de compromissos para “descansar” — a incomum mostra de fragilidade desencadeou tamanha boataria que precisou dar umas voltas pelo Castelo de Windsor, dirigindo seu Jaguar verde, para provar que estava bem. Era se esperar, portanto, que a essa altura nenhum vassalo desalmado aparecesse para perturbar sua paz, certo? Errado. A população de Barbados, no Caribe, onde Elizabeth reinava soberana, acaba de trocá-la por uma presidente, Sandra Mason, em preparação para a proclamação da República no dia 30 de novembro.

    A troca de regime era uma bandeira da primeira-ministra Mia Mottley, eleita por larga maioria em 2018 e ferrenha apoiadora da eliminação do que vê como os últimos resquícios do colonialismo no país — o primeiro do Caribe a receber escravos e deslanchar a produção intensiva de açúcar que se tornaria uma das riquezas do Império Britânico. “É hora de tomarmos as rédeas do nosso destino”, decretou Mottley após a aprovação por dois terços do Parlamento do nome de Mason, ex-juíza de 72 anos que até então era a governadora-geral da ilha, ou seja, a representante local da rainha. “A república representa o reconhecimento da nossa nacionalidade e identidade e o orgulho pela nossa cultura”, explicou o ministro da Juventude e Esporte, Dwight Sutherland, em nota enviada a VEJA.

    Outras ex-colônias que mantiveram a monarquia depois da independência já haviam se desfeito dela posteriormente, mas há quase trinta anos — desde as Ilhas Maurício, em 1992 — que ninguém fazia essa desfeita a Elizabeth. Não houve, no entanto, animosidade na ruptura, anunciada com antecedência em setembro do ano passado, até porque o papel da soberana no governo de seus reinos distantes é pouco mais do que simbólico: ela indica sua representante, aprova (sem se intrometer) embaixadores e outros servidores, concede títulos de cavalheiros do reino e é o motivo da aplicação da palavra “Real” à polícia e demais instituições. Com a saída de Barbados, restam treze monarquias sob o cetro de Elizabeth, tirando o próprio Reino Unido. As maiores são Canadá, Austrália e Nova Zelândia; as demais se espalham por ilhas do Caribe, Índico e Pacífico.

    A Austrália já levou a plebiscito a proposta de se tornar República, que acabou derrotada. Movimentos nesse sentido também ocorrem em Santa Lúcia e São Vicente e nas Granadinas, além da Jamaica, que cogita não só romper com a monarquia mas também encaminhar a Londres um pedido formal de reparação financeira pela exploração de escravos. O fortalecimento dos movimentos negros e as incertezas levantadas pelo Brexit são fatores que têm influído para esgarçar os laços das ex-colônias com a rainha britânica e não se considera improvável que outras repúblicas apareçam, sobretudo depois de sua morte. Nada disso, porém, deve afetar a existência da Commonwealth, associação que reúne 54 países, a maioria ex-territórios britânicos, e conduz uma cooperação informal que resulta em condições especiais de comércio e acesso a programas e recursos de impacto nas economias mais frágeis. E quem está no comando da Commonwealth? Ela mesma: a rainha Elizabeth.

    Publicado em VEJA de 10 de novembro de 2021, edição nº 2763

    Publicidade

    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Veja e Vote.

    A síntese sempre atualizada de tudo que acontece nas Eleições 2024.

    OFERTA
    VEJA E VOTE

    Digital Veja e Vote
    Digital Veja e Vote

    Acesso ilimitado aos sites, apps, edições digitais e acervos de todas as marcas Abril

    1 Mês por 4,00

    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (equivalente a 12,50 por revista)

    a partir de 49,90/mês

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$118,80, equivalente a 9,90/mês.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.