A Convenção Batista do Sul publicou uma lista na quinta-feira 26, de centenas de clérigos e outros funcionários da igreja dos Estados Unidos acusados de abuso sexual. A lista acompanha um relatório divulgado no domingo 22, que aponta que líderes do grupo mantiveram as denúncias em sigilo ao longo de duas décadas.
O lançamento da lista de 205 páginas marca “um passo inicial, mas importante, para enfrentar o flagelo do abuso sexual e implementar a reforma na Convenção”, disse Rolland Slade, presidente do Comitê Executivo da congregação religiosa.
“Nossa oração é que os sobreviventes desses atos hediondos encontrem esperança e cura, e que as igrejas utilizem essa lista de forma proativa para proteger e cuidar dos mais vulneráveis entre nós”, acrescentou Slade.
Embora os batistas do sul tenham lidado com alegações de abuso por anos, o relatório, preparado por um investigador terceirizado, chocou a comunidade por indicar que líderes da igreja ignoraram e sufocaram os pedidos de ajuda das vítimas.
Membros da comunidade dizem ter informado ao Comitê Executivo da Convenção sobre supostos infratores, mas o ex-vice-presidente da congregação, D. August Boto, classificou a delação, na época, como um “esquema satânico”.
Entre as revelações mais perturbadoras do documento, está a de que clérigos mantinham uma lista secreta com os nomes de 700 abusadores denunciados, mas não tomaram medidas para afastar os suspeitos de cargos de autoridade. A lista abrange crimes que remontam a décadas. A maioria dos acusados pertence à Convenção Batista do Sul, mas outros são afiliados a outras tradições batistas.
Grande parte dos nomes já havia sido publicada em outro lugar – inclusive em uma grande investigação sobre alegações de abuso pelos veículos de imprensa The Houston Chronicle e pelo San Antonio Express-News. Alguns dos nomes aparecem também em documentos judiciais como parte de processos criminais ou civis.
Entre os acusados está Derek Wayne Hutter, ministro de jovens da Igreja Batista Garland, no Texas. O pastor se declarou culpado em 2015 de acusações de aliciamento de um menor e foi condenado a 22 anos de prisão federal. De acordo com informações do jornal local Dallas Morning News, autoridades disseram que ele abusou 20 vezes de uma garota de 13 anos que fazia parte de seu grupo de jovens, dentro da igreja.
A convenção é a maior denominação protestante do país, com quase 14 milhões de membros e mais de 47.000 igrejas em todos os 50 estados. A publicação da lista de abusadores vem semanas antes da reunião anual da convenção em Anaheim, Califórnia, onde os líderes e membros devem discutir outras medidas para lidar com as denúncias e eleger novas lideranças.