O presidente da França, François Hollande, prometeu, neste sábado, responder ao ataque hacker à campanha de Emmanuel Macron, candidato independente que lidera as pesquisas na véspera das eleições francesas, que serão realizadas neste domingo. Durante visita a um centro cultural em Paris, Hollande afirmou que já esperava uma estratégia agressiva deste tipo, uma vez que “aconteceu em outros lugares” (como nos Estados Unidos, durante a última campanha presidencial), mas enfatizou que “nada ficará sem resposta”. O presidente da França, porém, não detalhou quais serão os próximos passos da investigação.
O movimento En Marche!, pelo qual o candidato Emmanuel Macron concorre à presidência da França, defendeu que o roubo de informações seria “uma tentativa de desestabilizar as eleições presidenciais”. Mas Hollande ponderou, dizendo que ainda é cedo para confirmar essa conclusão. A declaração foi dada à European Pressphoto Agency (EPA), que reúne a Agência Efe e outras oito organizações europeias de notícias. Os documentos foram vazados menos de 48 horas antes de os eleitores irem às urnas para escolher entre Macron e Marine Le Pen, a candidata da extrema direita, no segundo turno do pleito.
A campanha de Macron reconheceu a autenticidade de parte dos documentos vazados no ataque. Mas advertiu que informações falsas foram misturadas às autênticas para “semear a dúvida e a desinformação”.
Na França, para evitar que se afete o resultado das urnas, políticos e os meios de comunicação estão — em teoria — proibidos de dar detalhes dos documentos obtidos pelos hackers ou de comentar o vazamento. Ainda neste sábado, a Comissão Nacional de Controle da Campanha Presidencial (CNCCEP) na França reiterou que a divulgação de informações, ainda mais as falsas, pode ser considerada crime. O Le Monde, por exemplo, um dos principais jornais do país, anunciou que não vai publicar o conteúdo dos milhares de documentos vazados. Em nota, o veículo afirmou que a publicação desses documentos dois dias antes do segundo turno das eleições, horas antes do encerramento da campanha oficial, “visa claramente perturbar o processo eleitoral em curso”.
Como justificativa para a não divulgação imediata dos documentos, o Le Monde cita que o enorme volume de informações hackeadas torna impossível a realização de uma análise adequada, com checagem e confirmação de dados, em um período tão curto. “Também, e principalmente, porque esses arquivos foram publicados 48 horas antes da votação, com o objetivo claro de minar a validade dos votos, em um período em que os principais partidos interessados são legalmente proibidos de responder a qualquer acusação”, acrescentou o diário, na nota oficial.
Entenda o Macrón Leaks
Na sexta-feira, a equipe de Macron informou ter sido vítima de um ataque hacker “em massa e coordenado” que levou ao vazamento nas redes sociais “de informações internas e de diversas naturezas”.
Nove gigabytes de dados, com e-emails e contratos, teriam sido vazados por um usuário que se intitula “Emleaks”. Os dados foram expostos no Pastebin, um site de compartilhamento de documentos que permite publicações anônimas. A campanha de Emmanuel Macron já tinha sido alvo de ataques virtuais e de vazamento de documentos. Num deles, alegava-se que o candidato teria uma conta offshore nas Bahamas, acusação classificada por Macron como “notícia falsa”.