As belas praias do Havaí amanheceram sob um intenso brilho vermelho, que produziu paisagens tão fantásticas quanto arrepiantes. Os tons quentes que pintaram o céu provinham do Mauna Loa, o maior vulcão ativo do mundo, que entrou em erupção na Big Island pela primeira vez em quase quarenta anos na noite de domingo para segunda, expelindo jatos de lava captados até por imagens de satélite. “Acordei com a luz dentro do quarto. Pensei: ‘Mas o sol nasce do outro lado’. Fui até a janela e vi o topo do Mauna Loa explodindo”, relata Michelle Franz, moradora de Hilo, a cidade mais populosa da ilha. Do cume, a lava se espalhou por fissuras no flanco da montanha, em uma trajetória que até agora não ameaça pessoas nem propriedades. Dois abrigos erguidos às pressas para acomodar moradores evacuados foram desativados, mas a Defesa Civil qualificou a atividade de “perigo ativo” — na erupção anterior do Mauna Loa, em 1984, o rio de lava estacionou a 8 quilômetros de Hilo. Além das explosões, outros riscos à população são os gases vulcânicos, que podem causar queimaduras nos olhos e dores de cabeça, e as famosas “lágrimas de Pele” — a deusa havaiana dos vulcões, não o craque de futebol —, minúsculas partículas de vidro que se formam quando a lava esfria. Diante da erupção ainda controlada do Mauna Loa — a rainha entre as cinco montanhas encimadas por crateras da Big Island, ocupando metade da sua massa terrestre —, o Parque Nacional dos Vulcões segue aberto ao público.
Publicado em VEJA de 7 de dezembro de 2022, edição nº 2818