O advogado do príncipe Harry, David Sherborne, afirmou que tabloides britânico espionavam o duque de Sussex em “escala industrial” e atos ilegais eram “difundidos e habituais” por repórteres e editores do Daily Mirror, Sunday Mirror e Sunday People. O Daily Mirror pediu desculpas por um incidente, mas negou outras acusações.
Um julgamento pela invasão do telefone do príncipe Harry, que começou nesta quarta-feira, 10, é o maior teste do filho do rei Charles III até agora em sua batalha legal contra a mídia britânica. Ele e três outras duas figuras da mídia, incluindo dois atores, estão processando o Mirror Group Newspapers por suposto uso indevido de informações privadas entre 1991 e 2011.
O grupo responsável pelos tabloides admitiu que contratou um investigador particular para um artigo de 2004 intitulado “Sexo na praia com Harry”, mas a história em questão não é uma das quase 150 que Harry alega que foram resultado de invasão de privacidade. Faturas e registros telefônicos mostravam como os departamentos de notícias, entretenimento, esportes e fotografia dependiam de investigadores que usavam táticas inescrupulosas.
“Foi uma enxurrada de ilegalidades”, disse Sherborne. “Mas, pior, essa inundação estava sendo aprovada por executivos seniores, editores administrativos e membros do conselho”.
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Sherborne chegou a afirmar que o ex-editor do Daily Mirror, Piers Morgan, estava ciente da invasão do telefone e até participou. Morgan negou publicamente envolvimento no caso.
As alegações remontam a um escândalo que eclodiu sobre jornalistas e detetives particulares que interceptaram mensagens de voz para colher informações sobre membros da família real, políticos, atletas, celebridades e até vítimas de crimes. O esquema evoluiu de um hack de baixa tecnologia de digitação de senhas padrão para o uso de fraude para obter registros médicos, grampear telefones e grampear residências.
O Mirror Group Newspapers negou ter hackeado telefones para interceptar mensagens de correio de voz de Harry outras três pessoas e disse que eles apresentaram suas reivindicações bem além do prazo de seis anos. Porém, reconheceu “algumas evidências da instrução de terceiros para se envolver em outros tipos de UIG (coleta ilegal de informações)”.
O caso, o primeiro dos três processos de hacking telefônico do duque a ir a julgamento, ameaça fazer algo que ele disse que sua família temia há muito tempo: colocar um membro da realeza no banco das testemunhas para discutir revelações embaraçosas. De acordo com Sherborne, Harry deve testemunhar em junho. Não vai ser sua primeira vez no Supremo Tribunal, após sua aparição surpresa no mês passado para observar a maior parte de uma audiência de quatro dias em um de seus outros processos.
O príncipe trava uma guerra contra os tabloides britânicos em ações legais e em seu livro de memórias best-seller “Na Sombra”, prometendo fazer da missão de sua vida reformar a mídia que ele culpa pela morte de sua mãe, a princesa Diana. Ela morreu em um acidente de carro em Paris em 1997 enquanto tentava fugir dos paparazzi.