O movimento islâmico Hamas e outros grupos palestinos anunciaram nesta terça-feira, 13, um novo cessar-fogo com Israel, graças à intermediação do Egito. O confronto entre os dois lados foi um dos piores desde a guerra de 2014 e se concentraram na Faixa de Gaza, território palestino sob o domínio do Hamas.
“Os esforços do Egito permitiram alcançar um cessar-fogo entre a resistência e o inimigo sionista, e a resistência o respeitará enquanto o inimigo sionista o fizer”, anunciaram os grupos palestinos, em comunicado conjunto, referindo-se a Israel.
A Faixa de Gaza vivenciou inusitada calma na última noite. Fechadas durante o dia, as escolas devem ser reabertas nesta quarta-feira. Após o anúncio do cessar-fogo, milhares de palestinos participaram de manifestações em vários pontos do enclave para proclamar a “vitória sobre Israel”.
Não houve até o momento, porém, confirmação do acordo de cessar fogo por parte de Israel, que não costuma comentar anúncios deste tipo. O ministro da Defesa israelense, Avigdor Lieberman, publicou um comunicado para desmentir ter apoiado o cessar das operações israelenses.
No Egito, mediador histórico dos conflitos com a vizinha Faixa de Gaza, o Ministério das Relações Exteriores pediu a Israel “cessar imediatamente todas as formas de ações militares”.
Segundo uma fonte diplomática, Israel e Hamas se comprometeram em seguir “as disposições do acordo de 2014”. A fonte, contudo, advertiu que a situação era “muito precária” e que a violência poderá eclodir “de novo”.
O Kuwait e a Bolívia solicitaram nesta terça-feira uma reunião urgente do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) para abordar a violência na região.
Desde a tarde de segunda-feira, uma nova escalada de violência em Gaza e nas regiões israelenses vizinhas trouxe o temor de uma quarta guerra no enclave, desde 2008. O Exército israelense contabilizou 460 disparos de foguetes desde a tarde de segunda-feira. Como resposta, indicou ter atacado cerca de 160 posições militares do movimento islamita Hamas e de seu aliado, a Jihad Islâmica.
Em menos de 24 horas, pelo menos sete palestinos morreram em ataques israelenses, que responderam ao lançamento de centenas de foguetes de Gaza. Dois militares de Israel foram mortos e dezenas de pessoas ficaram feridas.
Entre todas os episódios recentes de escalada da violência, este é o que mais ameaça os esforços da ONU e do Egito para conseguir uma trégua durável entre Israel e Hamas.
Nesta terça-feira, embora prosseguissem o disparo de foguetes do território palestino em direção a Israel e os bombardeios israelenses a posições militares na Faixa de Gaza, o grau de mortandade e de destruição foi menos intenso.
Durante a noite, dezenas de milhares de israelenses de Ascalon e de outras localidades próximas a Gaza atenderam aos alertas por sirenes e correram para abrigos. Na Faixa de Gaza, foram ouvidos durante toda a noite os ataques israelenses, que destruíram a sede da rede de televisão do Hamas e escritórios de um serviço de segurança.
Trégua frágil
Israel enfrenta, “sem dúvidas, os disparos de foguetes mais intensos desde o verão de 2014 (…) e o ataque mais grave por parte de organizações terroristas contras as populações civis israelenses”, disse um porta-voz do Exército, o tenente-coronel Jonathan Conricus.
O Exército israelense enviou reforços de Infantaria, veículos blindados e tanques e também mobilizou novas baterias antimísseis, embora ainda não tenha apelado para os reservistas, como fez em 2014.
O Exército israelense e os grupos armados palestinos trocaram ameaças. O braço armado do Hamas, as Brigadas de Ezzeldin Al-Qassam, advertiram que ampliariam seu campo de ação em função da resposta de Israel.
A escalada começou no domingo com uma infiltração das forças especiais israelenses, em um veículo, na Faixa de Gaza, A operação terminou com a morte de um tenente-coronel israelense e de sete palestinos, entre eles um comandante do braço armado do Hamas e vários membros das brigadas Al-Qassam.
Em represália, as brigadas Al-Qassam feriram gravemente um soldado israelense em um ataque com um míssil, o que deflagrou a resposta israelense.
Dezenas de israelenses ficaram levemente feridos, sobretudo por estilhaços, segundo os serviços de emergência. A maioria dos foguetes disparados de Gaza caiu em zonas desabitadas, indicou o Exército, mas alguns atingiram edifícios.
Em Ascalon, faleceu um trabalhador palestino originário da Cisjordânia e identificado como Mahmud Abu Asba, de 48 anos.
A Faixa de Gaza vive sob tensão desde março, e pelo menos 234 palestinos morreram desde então. Também faleceram dois soldados israelenses.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, reúne amanhã seu gabinete de segurança, um foro limitado que trata das questões mais sensíveis, de acordo com a imprensa.
(Com AFP)