O grupo terrorista palestino Hamas emitiu uma declaração nesta quinta-feira, 7, confirmando que as negociações para um acordo de cessar-fogo em Gaza continuam vivas, apesar de esforços recentes não terem rendido frutos. Nesta semana, uma delegação do Hamas deixou uma rodada de conversas com mediadores no Cairo sem nenhum avanço. Segundo a agência de notícias Reuters, os funcionários do braço político do grupo palestino alegam que Israel é responsável por “frustrar” qualquer trégua.
“A delegação do Hamas deixou o Cairo nesta manhã para consultar a liderança do movimento. As negociações e esforços para parar a agressão, devolver os deslocados [às suas casas] e trazer ajuda humanitária ao nosso povo continuam”, disse o comunicado do Hamas, obtido pela Reuters.
Anteriormente, Sami Abu Zuhri, um dos principais porta-vozes do Hamas, disse à agência de notícias que Israel estava “frustrando” as tentativas de chegar a um acordo de cessar-fogo, mediado pelo Catar e pelo Egito, durante os quatro dias de negociações realizadas na capital egípcia – onde não havia representante israelense. Segundo ele, Tel Aviv rejeitou todas as exigências do lado palestino
Impasse
Autoridades israelenses afirmaram que seus representantes não foram enviados às tratativas no Cairo devido a uma exigência que não foi cumprida. Tel Aviv pediu ao Hamas que apresente uma lista de 40 reféns vivos, entre idosos, doentes e mulheres, que seriam os primeiros a ser libertados como parte da trégua – que, na configuração em que está sendo negociada, duraria inicialmente seis semanas.
Israel estima que ainda há cerca de 134 reféns dentro de Gaza. Nem todos são considerados vivos.
Contudo, o Hamas demanda, por sua vez, que antes disso Israel permita a entrada de ajuda humanitária em grande escala em Gaza e que os palestinos deslocados das suas casas no norte do enclave sejam autorizados a regressar. Além disso, diz que listar os reféns depende do cessar-fogo, já que estão espalhados pela zona de guerra e detidos por grupos separados.
Corrida contra o tempo
As negociações do Cairo haviam sido anunciadas como o último obstáculo para chegar ao primeiro cessar-fogo desde novembro. Aquele durou uma semana, mas este seria prolongado: uma trégua de 40 dias, durante a qual dezenas de reféns seriam libertados e Gaza receberia ajuda humanitária. A ideia é que tudo isso ocorresse antes do Ramadã, que começa no dia 10 de março.
Washington, o aliado mais próximo de Israel e principal mediador das negociações de cessar-fogo, disse que um acordo aprovado por Israel já está sobre a mesa e cabe ao Hamas aceitá-lo. O grupo palestino, porém, contesta a narrativa, afirmando que só serve para desviar a culpa de Israel se as negociações fracassarem.
Desde o início da guerra, mais de 30 mil pessoas foram mortas em Gaza pelos ataques de Israel, lançados após o Hamas invadir o país e matar 1.200 pessoas em outubro do ano passado.