O braço político do Hamas comunicou nesta terça-feira, 11, que aceita a resolução aprovada na véspera pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas para um cessar-fogo em Gaza. As lideranças do grupo terrorista palestino afirmaram estarem prontas para negociar detalhes do plano, algo que o Secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, em mais uma visita a Israel, chamou de “um sinal esperançoso”.
Em paralelo, Blinken informou nesta terça-feira que as discussões sobre os planos para Gaza num cenário pós-guerra continuarão pelos “próximos dias”. “É imperativo que tenhamos esses planos”, declarou em Tel Aviv, após conversas com lideranças israelenses.
Após impasse
O alto funcionário do Hamas Sami Abu Zuhri, que vive fora de Gaza, disse à agência de notícias Reuters que aceitou a resolução de cessar-fogo e estava pronto para negociar os detalhes. Ele acrescentou, porém, que cabia a Washington garantir que Israel a cumprisse.
“O governo dos Estados Unidos está enfrentando um teste real para cumprir seus compromissos em obrigar a ocupação (como o Hamas chama Israel) a encerrar imediatamente a guerra em uma implementação da resolução do Conselho de Segurança da ONU”, disse Abu Zuhri à Reuters.
Blinken ressaltou que ainda é preciso uma posição definitiva da liderança do Hamas dentro de Gaza sobre a trégua. “É isso que importa, e é isso que ainda não temos”, afirmou o chefe da diplomacia americana.
Resolução aprovada
O Conselho de Segurança das Nações Unidas aprovou, nesta segunda-feira, 10, uma proposta de cessar-fogo para o conflito entre Israel e o grupo militante palestino Hamas na Faixa de Gaza, que inclui também a libertação de reféns israelenses.
A resolução, apresentada pelos Estados Unidos, foi aprovada por 14 votos a favor, nenhum contra e uma abstenção, feita pela Rússia.
A resolução, vista pela rede americana CNN mais cedo nesta segunda-feira, afirma que o Conselho de Segurança “acolhe com satisfação a nova proposta de cessar-fogo anunciada em 31 de maio, que Israel aceitou, apela ao Hamas para que também a aceite, e insta ambas as partes a implementarem integralmente os seus termos sem demora e sem condição”.
Segundo o porta-voz da missão americana na ONU, Nate Evans, a proposta “traria um cessar-fogo total e imediato com a libertação de reféns”.
“Estamos esperando que o Hamas concorde com o acordo de cessar-fogo que afirma querer”, disse a embaixadora dos EUA na ONU, Linda Thomas-Greenfield, ao conselho antes da votação. “A cada dia que passa, o sofrimento desnecessário continua.”
A resolução também detalha a proposta e especifica que “se as negociações demorarem mais de seis semanas para a primeira fase, o cessar-fogo continuará enquanto as negociações continuarem”.
A proposta apresentada pelo governo dos EUA teve endosso do Brasil e de outros 14 países em uma declaração conjunta publicada na semana passada. “É hora de a guerra acabar e esse acordo é o ponto de partida necessário”, diz o texto, que também foi assinado pelos líderes de Alemanha, Áustria, Bulgária, Canadá, Colômbia, Dinamarca, Espanha, França, Polônia, Portugal, Reino Unido, Romênia, Sérvia e Tailândia.
Em nota, o Itamaraty afirmou que a declaração está em linha com a posição já manifestada pelo Brasil, de reiterar que “Israel e Hamas estão obrigados, por determinação da Corte Internacional de Justiça, a cessar as hostilidades em Rafah, a libertar incondicional e imediatamente os reféns e a permitir ajuda humanitária aos civis em Gaza afetados pelo conflito”.
Em 31 de maio, Biden apresentou uma nova proposta de cessar-fogo em Gaza que inclui a libertação dos reféns de ambos os lados e “um grande plano de reconstrução para Gaza” em meio ao avanço das tropas israelenses na cidade de Rafah, no sul da Faixa de Gaza.
No entanto, Israel e Hamas mantiveram suas posições duras em relação a um acordo de cessar-fogo. Na semana passada, Netanyahu afirmou que não haverá cessar-fogo permanente em Gaza até que o Hamas seja destruído. “Estamos comprometidos com a vitória total”, disse ele.
As tropas israelenses seguem avançando na cidade de Rafah, que abrigava mais de 1 milhão de palestinos antes do ataque no mês passado. Na semana passada, os ataques israelenses se expandiram para o centro da Faixa de Gaza, onde 274 palestinos foram mortos em uma operação de resgate de reféns neste sábado, 9.
O Hamas exige o fim permanente da guerra e a retirada das forças israelenses da Faixa de Gaza. “Qualquer acordo deve garantir o fim permanente da agressão e uma retirada completa da Faixa de Gaza, a reconstrução, o levantamento do bloqueio e um acordo de troca sério”, disse o grupo.