Gustavo Petro é o novo presidente da Colômbia. O candidato do Pacto Histórico, de esquerda, derrotou Rodolfo Hernández, da Liga de Governantes Anticorrupção, e foi eleito no segundo turno das eleições, realizadas neste domingo, 19. Os dois candidatos foram às urnas praticamente empatados, de acordo com as últimas pesquisas. Analistas políticos locais temem que a vitória muito apertada leve a pedidos de recontagem e disputas judiciais. Com mais de 95% das urnas apuradas, o concorrente vitorioso se impôs com 50,50% dos votos, contra 47,16% do empresário.
Na chapa de Petro, foi eleita como vice a a ex-empregada doméstica, advogada feminista e ativista pelo meio ambiente e contra o racismo Francia Márquez. Em uma publicação no seu perfil no Twitter, o candidato escreveu que é dia de festa para o povo colombiano: “Hoje, é feriado para o povo. Que ele celebre a primeira vitória popular. Que tantos sofrimentos sejam amortecidos na alegria que hoje inunda o coração da Pátria. Esta vitória para Deus e para o Povo e sua história. Hoje é o dia das ruas e praças”.
Hoy es dia de fiesta para el pueblo. Que festeje la primera victoria popular. Que tantos sufrimientos se amortiguen en la alegria que hoy inunda el corazon de la Patria.
Esta victoria para Dios y para el Pueblo y su historia. Hoy es el dia de las calles y las plazas.
Continua após a publicidade— Gustavo Petro (@petrogustavo) June 19, 2022
O presidente eleito derrotou Hernández, que durante a campanha foi impulsionado por promessas anticorrupção, planos para encolher o governo e cortar moradia para os pobres. Sobre o candidato derrotado, no entanto, pesa uma investigação da Procuradoria-Geral por supostamente intervir em uma licitação de coleta de lixo, quando era prefeito de Bucaramanga, para beneficiar uma empresa para a qual seu filho fazia lobby. O empresário nega as acusações e apoiadores gostam de sua imagem antiestablishment.
Petro, ex-prefeito de Bogotá e atual senador, prometeu melhorar as condições sociais e econômicas de um país onde metade da população vive em alguma forma de pobreza. Aos 62 anos, o candidato de esquerda deve assumir a Presidência do país ainda sob impacto das cicatrizes deixadas por décadas de violência alimentada pela ação das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), e grupos guerrilheiros menores.
Na juventude, Petro integrou um desses grupos armados, o Movimento 19 de Abril (M-19), e passou pela clandestinidade (seu codinome era Comandante Aureliano, personagem de Cem Anos de Solidão, de Gabriel García Márquez), prisão e tortura até a facção se desmobilizar e virar partido político nos anos 1990.
Em sua campanha, Petro bateu nas teclas da justiça social, da sustentabilidade e do fim do autoritarismo. A intenção do senador e seu partido, Colombia Humana, é romper o sistema. Nesse sentido, têm na mira as famílias mais ricas do país (nas suas contas, “4 000 a 5 000 pessoas”) — os alvos principais de uma reforma fiscal que pretende arrecadar 10 bilhões de dólares por ano elevando impostos sobre dividendos de empresas, ativos offshore e grandes propriedades rurais.
O próximo presidente da Colômbia receberá uma economia em crescimento, após profunda crise causada pela pandemia de Covid-19. O PIB do país cresceu um recorde de 10,7% em 2021 e deve subir 6,5% em 2022. O déficit do governo deve atingir 5,6% do PIB, em comparação com uma meta anterior de 6,2%.