O governo de Donald Trump, nos Estados Unidos, continuará reconhecendo Juan Guaidó como legítimo presidente da Venezuela independentemente do resultado das próximas eleições legislativas, previstas para dezembro. A oposição venezuelana pretende boicotar a votação por receio de fraude pela ditadura de Nicolás Maduro.
Estarão em jogo no pleito os 167 assentos da Assembleia Nacional, que atualmente é o único órgão federal controlado pelos opositores a Maduro, sendo presidida pelo próprio Guaidó.
“Essa eleição corrupta não vai mudar o status de Guaidó e eu não acho que você encontrará alguém na liderança da oposição que reivindique o contrário”, disse o representante do governo dos Estados Unidos na Venezuela, Elliott Abrams, ao Senado americano nesta terça-feira, 4.
Abrams ressaltou também sua confiança que os outros cerca de 60 países que reconhecem Guaidó como o legítimo presidente da Venezuela desde o início de 2019 deverão seguir o exemplo dos americanos. “Existem cerca de 60 países que reconheceram Guaido e eu espero que todos eles — e entraremos em contato com outros que ainda não estivemos — continuem a reconhecê-lo e não reconhecerão essa eleição fraudulenta”, afirmou.
Segundo a atual Constituição venezuelana, a Assembleia Nacional é a principal representante do poder legislativo federal no país. A casa já é minada pela ditadura desde pelo menos 2017, quando, em uma manobra política, Maduro transferiu os poderes legislativos do órgão para um então recém criado parlamento, a Assembleia Constituinte.
Dominada pelos apoiadores do chavismo, a Assembleia Constituinte foi estabelecida por Maduro para a redação de uma nova Constituição e continuará a existir a até, pelo menos, o final de 2020.
Autoridades americanas dizem em bastidores que a permanência da ditadura chavista no poder, apesar das duras sanções dos Estados Unidos, é vista como uma frustração para Trump. O próprio presidente americano minimizou, em uma entrevista ao portal de notícias Axios em junho, a sua decisão de reconhecer a presidência Guaidó.
Perguntado se ele se arrependia de ter apostado em Guaidó, Trump disse, segundo o Axios, que “não particularmente”, e acrescentou: “eu poderia ter vivido com ou sem ele”.
Os assessores do presidente americano veem a sua abordagem sobre a Venezuela como uma maneira para poder atrair a grande comunidade cubano-americana da Flórida, um estado fundamental para a sua própria reeleição, no início de novembro.
(Com Reuters)