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Grupo de mães se junta para proteger manifestantes em Portland

Mulheres formaram cordão de isolamento em torno de manifestantes para impedir violência por parte de agentes federais

Por Caio Saad Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 21 jul 2020, 19h35

Enquanto o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, descrevia no domingo 19 as manifestações em Portland, no Oregon, como uma ameaça à nação, mais de 400 mães se mobilizavam para formar uma barreira em torno de manifestantes antirracismo e contra a violência policial. 

Gritando frases como “Fiquem longe. As mães estão aqui”, o grupo de mulheres, quase todas usando máscaras e capacetes de ciclismo e de braços entrelaçados, cresceu de 30, no sábado, para 400, no domingo.

Os protestos acontecem todas as noites há quase dois meses, mas ganharam um novo impulso após o controverso envio de forças federais na semana passada para cessar o que Trump definiu como “anarquia”. 

Amplamente pacíficas, as manifestações foram marcadas por saques e incêndios por parte de alguns manifestantes. Do outro lado, violência policial. A presença de carros e homens não identificados usando camuflagem também enfureceu pessoas por todo o país, assim como o uso de gás lacrimogêneo perto de prédios do governo federal. 

Bev Barnum, idealizadora do movimento de mães, assistia vídeos de manifestantes sendo presos por agentes federais quando resolveu criar um evento no Facebook convocando outras mulheres para que se vestissem de branco e formassem uma linha protetora, com objetivo de “proteger manifestantes sem o uso de violência”. 

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“Conforme a maioria de vocês leu e viu nas notícias, manifestantes estão sendo feridos (sem motivos)”, escreveu na rede social. “Manifestantes estão tendo seus direitos retirados ao serem colocados em carros não identificados por agentes da lei identificáveis. Nós, mães, somos subestimadas. Somos mais fortes do que nos dão crédito”.

Mesmo ficando em meio ao gás lacrimogêneo no sábado, o movimento voltou no dia seguinte, dessa vez mais forte. A ideia é crescer ainda mais, à medida que mais de 2 mil mães pediram para entrar no grupo do Facebook usado para organizar os atos. 

“Iremos parar quando não houver manifestantes que precisem de nossa proteção”, disse à CNN. “Não estamos fazendo isso para receber parabéns. Estamos fazendo isso para proteger direitos humanos”. 

Autoridades do Oregon instaram o presidente a retirar as forças de Portland e o acusaram de agravar a situação como parte de uma manobra política em um ano eleitoral. Muitas delas consideram que, com a presença federal, as situações se agravaram, ao invés de serem amenizadas.

Os oficiais enviados são parte de uma unidade do Departamento de Segurança Interna composta pelo Serviço de Delegados dos EUA e pelo serviço alfandegário e de proteção de fronteiras. Em decreto presidencial assinado em junho, Trump permitiu o envio de forças sem a permissão individual de estados. A procuradoria do Oregon entrou com uma ação contra a unidade por considerar um exagero de poderes, à medida que “feriu e ameaçou manifestantes pacíficos nas ruas do centro de Portland”. 

“Não só acredito que ele está quebrando a lei, mas também que ele está colocando em risco a vida dos cidadãos de Portland”, disse o prefeito da cidade, Ted Wheeler, em uma publicação em suas redes sociais. Anteriormente, ele já havia chamado a presença federal de “teatro político”.

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