Governo turco destitui 3 prefeitos e prende mais de 400 pessoas
Ministério do Interior afirma que políticos são suspeitos de 'espalhar propaganda' de grupos curdos que considera como terroristas
A Turquia destituiu temporariamente nesta segunda-feira, 19, três prefeitos de cidades com grande parte da população de origem curda, no sudeste do país. As autoridades são acusadas de serem próximas de grupos armados curdos, de oposição ao governo turco, segundo o Ministério do Interior.
Os prefeitos que perderam seus mandatos são Selçuk Mizrakli, da cidade de Diyarbakir, Ahmet Türk, de Mardin, e Bedia Özgökçe Ertan, prefeita de Van. Os três são filiados ao Partido Democrático dos Povos (HDP), uma formação da esquerda pró-curda e terceira maior legenda no Parlamento turco, com 12% dos votos em nível nacional nas últimas eleições.
Segundo comunicado do Ministério de Interior, os três prefeitos estão envolvidos em várias investigações judiciais por “espalhar propaganda” ou manter laços com “terroristas”. Os postos deixados pelos prefeitos serão ocupados pelos governadores das províncias, que são designados por Ancara. O governo turco considera que o HDP mantém vínculos com o Partido de Trabalhadores do Curdistão (PKK), partido criminalizado e reconhecido como terrorista pela Turquia, Estados Unidos e União Europeia. Desde 2016, várias lideranças do PKK, como Selahattin Demirtas, estão em prisão preventiva.
Antes das eleições municipais de março, o presidente da Turquia, Recep Erdogan, havia dito que todo e qualquer político eleito seria destituído caso fossem encontradas evidências de conexão com o PKK. Ao mesmo tempo, a polícia lançou batidas em 29 províncias do país, inclusive em Diyarbakir, Mardin e Van, para deter supostos “simpatizantes do PKK”. Segundo o ministro do Interior, Süleyman Soylu, a ação da polícia resultou na detenção de 418 pessoas.
Em nota, o HDP condenou a ação do governo de Erdogan e disse ser alvo de um “golpe político”. Também chamou todos aqueles que votaram “pela democracia” em março para reagirem contra as ações do governo. Esta não é a primeira vez que o Ministério do Interior destitui prefeitos do HDP para substituí-los por governadores: no outono de 2016, mais de 30 prefeitos foram afastados de seus cargos, mas o partido recuperou a maioria dessas prefeituras nas eleições locais de 2019.
(Com EFE)