A Organização para a Proibição de Armas Químicas (Opaq) culpou explicitamente a Força Aérea do governo da Síria, liderado pelo ditador Bashar Assad, pelo lançamento de ataques tóxicos com gases sarin e cloro na região de Hama, oeste do país, em março de 2017.
O relatório apresentado na última quarta-feira 8 concluiu que o gás venenoso foi lançado sobre a cidade de Latamneh pelo menos três vezes naquele mês, informou nesta quinta-feira, 9, a rede de televisão Al Jazeera.
“Existem motivos razoáveis para acreditar que os autores do uso de sarin como arma química eram indivíduos pertencentes à Força Aérea Árabe da Síria”, afirmou Santiago Onate-Laborde, líder da equipe da Opaq. Os ataques de 24, 25 e 30 de março de 2017 mataram civis e médicos e feriram dezenas de pessoas.
Uma unidade especial de investigação foi criada pela Opaq em 2018 para identificar os autores dos ataques ilegais. O órgão afirma ter concluído sobre a participação do governo sírio após analisar amostras presentes nos locais, imagens de satélites e colher depoimentos de especialistas e de pessoas que estavam presentes nos ataques.
O relatório detalhado provavelmente levará a novos pedidos de prestação de contas a Bashar Assad, que está na presidência do país desde 2000 e conta com apoio político da Rússia na guerra contra facções da oposição, que já dura quase dez anos. O conflito, que também envolveu o Estado Islâmico, empenhado em criar um califado na Síria e no Iraque, matou pelo menos 400.000 pessoas e expulsou milhões de suas casas.
O uso de armas químicas é estritamente proibido pelo Direito Internacional. O governo da Síria nega envolvimento nos incidentes e afirmou não possui mais armas químicas desde um acordo de renúncia firmado em 2013. Antigos relatórios da Organização das Nações Unidas, no entanto, indicaram que as forças do governo sírio lançaram outros ataques químicos no país devastado pela guerra desde março de 2013, em áreas que incluem as regiões de Idlib, Hama e Ghouta oriental.