O governo e a oposição da Venezuela concordaram em estabelecer uma mesa de trabalho permanente para tentar resolver a crise política no país. Até agora, as negociações não obtiveram sucesso e não há perspectivas de uma nova eleição presidencial, que é o objetivo dos adversários do presidente Nicolás Maduro.
Delegados de Maduro e do líder opositor Juan Guaidó – autoproclamado presidente interino do país e reconhecido no cargo por 50 de países – concluíram em Barbados uma reunião iniciada na segunda-feira 8, dando continuidade a uma aproximação mediada pela Noruega iniciada em maio passado em Oslo.
“Foi desenvolvida uma intensa jornada de trabalho com os seis pontos que foram acordados com governo da Noruega e as oposições”, disse Maduro nesta quinta-feira num pronunciamento transmitido por rádio e televisão. O presidente não revelou os temas discutidos.
Mais cedo, o ministério norueguês de Assuntos Exteriores emitiu um comunicado explicando que “como parte deste processo, foi instalada uma mesa que vai trabalhar de forma contínua e expedita, com a finalidade de chegar a uma solução acordada e no âmbito das possibilidades que a Constituição oferece”.
“Está previsto que as partes realizem consultas para poder avançar na negociação”, acrescentou o texto, sem dar detalhes sobre as datas dos novos encontros.
O governo europeu exortou as partes a tomarem a “máxima precaução em seus comentários e declarações com relação ao processo”.
Ao lado de Maduro, Héctor Rodríguez, negociador do governo chavista, antecipou um “caminho complexo”, mas que poderia levar a um “acordo de coexistência democrática” e “governabilidade” onde ambas as facções se reconhecem.
Anteriormente, o ministro de Comunicação, Jorge Rodríguez, classificou o encontro de Barbados como uma “troca exitosa”, ao anunciar a conclusão do evento na noite de quarta-feira 10.
Já o representante de Guaidó, Stalin González, afirmou no Twitter que os venezuelanos necessitam de “respostas e resultados”, e anunciou que a delegação opositora “fará consultas para avançar e encerrar o sofrimento”.
Guaidó é enfático ao dizer que o diálogo deve levar à saída de Maduro para estabelecer um “governo de transição” e convocar novas eleições, considerando que a reeleição do governante em 2018 foi fraudulenta.
Mas no encerramento do encontro na ilha caribenha, o número dois do chavismo, Diosdado Cabello, negou que o governo esteja discutindo com a oposição uma saída eleitoral.
As partes iniciaram uma aproximação após a fracassada tentativa de golpe militar liderada por Guaidó contra Maduro em abril. O líder chavista segue no poder com o apoio da Força Armada e descarta abandonar a Presidência, apesar de manter otimismo em relação ao diálogo com a oposição.
(Com AFP)