O governo chileno indicou “vestido curto” como traje ideal para mulheres que participarão de um almoço oficial com Jair Bolsonaro, agendado para o próximo sábado, 23 de março. O convite se tornou público após postagem no Twitter da deputada Maite Orsini Pascal, que criticou o presidente Sebastián Piñera por conduta machista. Organizadores do evento e outros parlamentares alegam que o termo foi mal interpretado.
Bolsonaro visitará o Chile no fim da semana, após encerrar passagem pelos Estados Unidos. Na convocação a parlamentares do país para um almoço com o chefe de Estado brasileiro, o código de vestimenta indica: “homens: terno escuro ou roupa equivalente; mulheres: vestido curto”. O convite é assinado pelo presidente chileno, Sebastián Piñera, e pela primeira-dama, Cecilia Morel.
Segundo o diretor-geral de protocolo do ministério de Relações Exteriores do Chile, Frank Tressler, o texto não pede que mulheres vistam roupas curtas, mas sim que não se exige traje de gala.
“Há uma má interpretação, o convite aponta que não é necessário traje de gala”, declarou Tressler ao jornal local La Tercera, após repercussão negativa no país.
Ao tornar público o teor do convite, a deputada Maite Pascal, do partido de esquerda Revolución Democrática, também criticou o presidente brasileiro Jair Bolsonaro.
“Não somente o governo (do Chile) decide receber com honras um presidente xenófobo e machista (Jair Bolsonaro), senão que também pede às deputadas da República que vão com ‘vestido curto’. Esse é o Sebastián Piñera que diz acolher demandas feministas, mas envia um convite que segue em 1800”, escreveu Pascal.
Porta-voz do governo de Piñera, Cecília Perez afirmou que a vestimenta sugerida é “parte do protocolo do próprio Parlamento” e que “se quiserem renovar os protocolos, que se revisem todos”.
Também ao jornal La Tercera, o deputado Mario Desbordes, do partido conservador Renovación Nacional, considerou a deputada Maite Pascal “desinformada” pelo comentário.
“Quando dizem que os homens devem usar ternos escuros, não significa que devemos usar roupas pretas, mas sim para não utilizarmos guayabera (camisa formal). Quando dizem ‘vestido curto’, não é minissaia. Isso está estabelecido em normas de protocolo”, alegou.