As cerimônias fúnebres para o 41º presidente dos Estados Unidos, George H. W. Bush, começaram nesta segunda-feira, 3, em Washington, em tom de profundo respeito. Políticos e autoridades do atual governo e de gestões anteriores se concentram na rotunda do Congresso americano para se despedir do ex-militar, ex-embaixador e ex-diretor da CIA que, da Casa Branca, liderou a guerra do Kwait e o fim da Guerra Fria.
O 45º presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, confirmou nesta segunda-feira que dará um telefonema de condolências à família Bush na terça-feira. No dia seguinte, prometeu estar presente à cerimônia na Catedral Nacional, em Washington. Mas advertiu que não fará o tradicional discurso elogioso em homenagem a “Bush pai”, como era popularmente chamado, como diferenciação de seu filho George W. Bush, o 43º presidente dos Estados Unidos.
A desfeita responde a uma confissão do ultra-republicano George H. W. Bush ao escritor Mark K. Updegrove: não votara por Trump na eleição de 2016, mas pela democrata Hillary Clinton.
Os discursos na Catedral Nacional caberão a George W. Bush e a dois amigos de “Bush pai” – o ex-primeiro-ministro do Canadá Brian Mulroney e ao ex-senador Alan Simpson.
Em cerimônias milimetricamente conduzidas, o corpo de George H. W. Bush foi transferido nesta segunda-feira de Houston, no Texas, para Washington. Carregado por oficiais das três militares, o féretro subiu as escadarias do Capitólio enquanto uma banda da Força Aérea tocava o hino “América”. No topo das escadas, “Bush filho” claramente se esforçava para conter seus sentimentos.
O corpo foi instalado no centro da rotunda, a sala de honra do Congresso americano, onde poderosos políticos dos Estados Unidos da atualidade e do passado prestaram homenagens ao 41º presidente do país.
“Embora ele fosse conhecido como um home silencioso, isso não se deveu à falta de nervos ou de ousadia. Durante seus 94 anos, o presidente Bush nunca perdeu seu amor pela aventura e nunca fracassou ao responder a um chamado para servir a seu país”, afirmou o vice-presidente Mike Pence, que contrariou o exemplo de Donald Trump.
Na quinta-feira, o féretro de “Bush pai” retornará a Houston, onde será enterrado na Biblioteca e Museu Presidencial George Bush, ao lado de sua mulher, Barbara, com quem viveu por 73 anos.
Presidente dos Estados Unidos entre 1989 e 1993, George H. W. Bush morreu aos 94 anos na noite de sexta-feira no Texas. No pós guerra, foi embaixador dos Estados Unidos nas Nações Unidas, presidente do Comitê Nacional do Partido Republicano, representante especial dos Estados Unidos na China, diretor da CIA e senador pelo Texas.
‘Homem-meia’
Ao deixar a Casa Branca, em 1993, “Bush pai” deu uma demonstração de republicanismo em uma carta a seu sucessor, o democrata Bill Clinton, para lhe desejar “muitas felicidades”. Clinton tornou-se grande amigo dele. Em junho passado, George H. W. Bush chegou a calçar meias em homenagem ao 42º presidente dos Estados Unidos para recebê-lo em sua casa.
“Eu nunca senti a solidão que alguns presidentes descreveram. Será difícil em alguns momentos, desencadeados ainda mais por críticas que você não considerará justas”, escreveu. “Não sou muito bom em dar conselhos; mas não deixe que os seus críticos o desencorajarem nem tirá-lo do curso. (…) Você será nosso presidente quando ler esta nota.”
O porta-voz de “Bush pai” no período pós-Casa Branca, Jim McGrath, expôs no Twitter seu pedido para ser enterrado com um par de meias em homenagem ao corpo de aviadores da Marinha americana, ao qual serviu aos 18 anos, durante a Segunda Guerra Mundial.
Seu gosto por meias extravagantes era bem conhecido, segundo o jornal Washington Post. “Eu me autoproclamo um ‘homem-meias’. Quanto mais gritante, extravagante e louco o padrão for, melhor”, escreveu o ex-presidente em uma nota para o Comitê Nacional Republicano.