Jared Kushner, genro e assessor do presidente americano Donald Trump, sugeriu em entrevista que os palestinos não estão preparados para se autogovernar. Kushner se prepara para apresentar o plano de paz dos Estados Unidos para o Oriente Médio nos próximos meses.
Em uma entrevista ao site de notícias americano Axios, Kushner também disse que não se importa se os palestinos não confiam nele, já que devem avaliar o plano apenas por sua capacidade de melhorar suas vidas.
“Não estou aqui para que confiem em mim”, admitiu, acrescentando que ele distingue os palestinos de seus líderes. O americano judeu disse acreditar que o povo palestino vai “olhar para os fatos e então tomar uma decisão”.
“A esperança é que, com o tempo, eles se tornem capazes de governar”, disse Kushner quando perguntado se acredita que os palestinos podem se autogovernar sem a interferência de Israel.
Segundo trechos da entrevista publicada no site do Axios neste domingo 2, Kushner afirmou ainda que os palestinos “precisam de um sistema judicial justo (…), liberdade de imprensa, liberdade de expressão, tolerância a todas as religiões”.
O assessor do presidente Donald Trump estimou que os palestinos “deveriam ter autodeterminação”, sem dizer se isso significaria um estado independente ou alguma forma menor de autonomia.
Kushner já havia sugerido anteriormente que o seu plano não apoiará a criação de um estado palestino.
Visita a Israel
A entrevista foi gravada antes da visita de Kushner a Jerusalém na semana passada. Durante sua passagem por Israel, o assessor se encontrou com o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu.
Também participaram da reunião o braço direito de Kushner, Jason Greenblatt, e o emissário americano para o Irã, Brian Hook. Na ocasião, o enviado de Trump disse a Netanyahu que “não vai desistir do plano”, em meio à situação instável de Israel, que passará por eleições gerais pela segunda vez neste ano.
Apesar do discurso otimista, analistas acreditam ser quase impossível a divulgação de qualquer plano entre israelenses e palestinos com o novo pleito, marcado para 17 de setembro. O plano de paz de Kushner e Trump ainda nem foi esboçado e atraiu críticas de todos os lados.
Kushner é o responsável por elaborar as propostas e Greenblatt, um advogado que trabalha com Trump há muito tempo, tem atuado como seu braço direito nas questões relacionadas ao Oriente Médio.
Sem garantias de que uma coalizão liderada por Netanyahu permaneça no poder após a nova votação em Israel, e sem a recepção entre os países árabes esperada por Trump, analistas acreditam que o plano pode ficar engavetado.
O governo americano planeja apresentar entre 25 e 26 de junho, em uma conferência em Manama, capital do Bahrein, um projeto econômico para a Palestina que fará parte do plano de paz,
A Autoridade Palestina já anunciou que não comparecerá ao evento e outros países árabes também demonstraram descontentamento com o plano.
(Com AFP e Estadão Conteúdo)