O general Ivan Popov, da Rússia, disse na noite de quarta-feira 12 que foi demitido do cargo de comandante porque contou “a verdade” sobre os problemas na linha de frente da Ucrânia ao Kremlin. O episódio adiciona mais uma pressão ao exército russo após o motim fracassado do grupo mercenário Wagner contra as forças regulares.
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Popov estava à frente do 58º Exército de Armas Combinadas, que luta na linha de frente perto de Zaporizhzhia. Em uma mensagem de voz publicada por Andrey Gurulyov, um coronel-general russo aposentado e deputado da Duma, ele disse que foi demitido depois de expor problemas à liderança militar russa, como falta de equipamentos, bem como mortes e ferimentos devido a ataques ucranianos.
Não ficou claro quando Popov gravou a mensagem ou quem eram seus destinatários.
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Sem nomeá-los, o general pareceu criticar o chefe do exército, Valery Gerasimov, e o ministro da Defesa, Sergei Shoigu, os dois militares mais poderosos da Rússia, acusando-os de “esfaquear o país pelas costas”.
“Como muitos comandantes de regimentos e divisões disseram hoje, nosso exército não foi derrotado pela frente, mas nosso comandante mais antigo nos atingiu pelas costas, decapitando traiçoeiramente o exército no período mais difícil”, disse Popov.
A crítica aberta à liderança militar por um alto comandante russo é rara e prejudica o senso de unidade que o Kremlin deseja projetar após a rebelião fracassada do chefe do grupo Wagner, Yevgeny Prigozhin. Embora o líder mercenário insulte abertamente os militares mais graduados do país, os membros seniores do exército regular russo costumam se abster.
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As declarações de Popov ocorrem em meio a crescente incerteza dentro das forças armadas russas. Na quarta-feira, um alto funcionário russo disse a repórteres que Sergei Surovikin, um general de alto escalão que não era visto em público desde o motim do grupo Wagner, não estava “disponível” porque estaria “descansando”.
Surovikin, conhecido por ter um relacionamento próximo com Prigozhin, estava sendo interrogado sobre seus vínculos com o senhor da guerra, de acordo com relatos da mídia internacional.
A rebelião do grupo Wagner terminou com um acordo de anistia para Prigozhin e seus mercenários, além de permissão para se mudar para a Belarus. Mas o paradeiro atual de Prigozhin é desconhecido. Dados de rastreamento de voo de seu jato particular sugerem que ele transitou várias vezes entre Moscou e São Petersburgo, onde a mídia local relatou avistamentos dele.