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G7: Lula cita crise na Argentina e cobra FMI por ‘consequências sociais’

Presidente participa da cúpula dos países mais ricos, no Japão, onde também criticou neoliberalismo e pregou ‘Estado indutor’

Por Redação
Atualizado em 22 Maio 2023, 08h37 - Publicado em 20 Maio 2023, 10h19

Além de pedir uma reforma no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) e a participação de países africanos no G20, grupo das vinte maiores economias do mundo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva usou sua fala na sessão de trabalho do G7, neste sábado, no Japão, para citar a forte crise econômica que há anos afeta a Argentina. Ao lembrar o país vizinho, Lula cobrou do Fundo Monetário Internacional (FMI) por mais sensibilidade em relação às “consequências sociais” dos ajustes fiscais em países endividados.

“O endividamento externo de muitos países, que vitimou o Brasil no passado e hoje assola a Argentina, é causa de desigualdade gritante e crescente, e requer do Fundo Monetário Internacional um tratamento que considere as consequências sociais das políticas de ajuste”, declarou o petista, que estava ao lado do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, na reunião do G7, que também inclui Canadá, Alemanha, França, Itália, Reino Unido e Japão.

A Argentina alcançou nesta semana um novo recorde ao elevar sua taxa de juros para 97%, em resposta à surpreendente inflação de 8,4% registrada em abril, que superou as expectativas tanto do Banco Central quanto do próprio governo. A inflação acumulada nos últimos doze meses está em 108,8%.

No final de abril, o Banco Central já havia elevado a taxa de juros de 81% para 91%, atingindo o maior valor em vinte anos e superando até mesmo o recorde registrado durante o governo de Mauricio Macri, que foi de 86% em setembro de 2019. Com a nova taxa de 97%, a Argentina alcança o maior índice da sua história. A ala mais conservadora do governo defendia juros ainda maior, de 110% ao ano.

Lula critica neoliberalismo e prega “Estado indutor”

Convidado para participar da cúpula do grupo dos sete países mais ricos do mundo, o petista lembrou a última vez em que esteve em um encontro do G7, em 2009, quando o mundo enfrentava os desdobramentos econômicos da crise financeira de 2008. Lula afirmou que aquele momento “expôs a fragilidade dos dogmas e equívocos do neoliberalismo”.

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“O ímpeto reformador daquele momento foi insuficiente para corrigir os excessos da desregulação dos mercados e a apologia do Estado mínimo. A arquitetura financeira global mudou pouco e as bases de uma nova governança econômica não foram lançadas”, declarou o presidente do Brasil.

“Houve retrocessos importantes, como o enfraquecimento do sistema multilateral de comércio. O protecionismo dos países ricos ganhou força e a Organização Mundial do Comércio permanece paralisada. Ninguém se recorda da Rodada do Desenvolvimento”, completou.

Diante do que classificou como “sobreposição de múltiplas crises”, com pandemia de Covid-19, mudanças climáticas, tensões geopolíticas, a guerra na Ucrânia, insegurança alimentar e energética e ameaças à democracia, Lula pregou “mudança de mentalidade” e que o sistema financeiro esteja “a serviço da produção, do trabalho e do emprego”. “Só teremos um crescimento sustentável de verdade direcionando esforços e recursos em prol da economia real”, disse.

Por “respostas socialmente responsáveis”, o petista defendeu “um Estado indutor de políticas públicas voltadas para a garantia de direitos fundamentais e do bem-estar coletivo. Um Estado que fomente a transição ecológica e energética, a indústria e a infraestrutura verdes”.

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