A fumaça de centenas de incêndios florestais no Canadá, que já cobriu partes dos Estados Unidos e colocou cerca de 75 milhões de pessoas sob alerta de qualidade do ar, chegou até a Noruega nesta sexta-feira, 9. Nos últimos dias, as nuvens também se espalharam para Groenlândia e Islândia.
De acordo com cientistas do Instituto de Pesquisa Climática e Ambiental da Noruega (NILU), a fumaça foi detectada usando instrumentos muito sensíveis e a sua origem foi confirmada usando modelagem de previsão. Apesar dos noruegueses conseguirem sentir o cheiro e até perceber a fumaça como uma névoa leve, estão a salvo dos impactos à saúde.
“Os incêndios que viajam de distâncias tão longas chegam muito diluídos”, disse Nikolaos Evangeliou, cientista sênior do NILU à emissora americana CNN.
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Nos próximos dias, é esperado que a nuvem se espalhe por faixas da Europa, mas é improvável que as pessoas consigam sentir o cheiro ou perceber a fumaça, ao contrário de partes dos Estados Unidos que enfrentam poluição perigosa provocada pela fumaça.
Que a fumaça de incêndios percorra longas distâncias não é um fenômeno incomum. Em 2020, resíduos de queimadas recordes da Califórnia foram detectados em Svalbard, um arquipélago norueguês localizado nas profundezas do Círculo Polar Ártico.
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Isso pode trazer impactos climáticos negativos. Quando a fumaça chega ao Ártico, deposita fuligem na neve e no gelo, escurecendo a superfície branca, o que faz com que ela absorva mais calor e acelere o aquecimento da região.
O Ártico já esquenta quatro vezes mais rápido que o resto do mundo e influencia outros eventos climáticos extremos ao redor do mundo, como os próprios incêndios florestais, ondas de calor e inundações.
Especialistas não esperam que os níveis de fuligem provenientes dos incêndios florestais canadenses tenham um impacto direto no derretimento do Ártico, porque são muito diluídos. Porém, a preocupação é que, se os incêndios nas altas latitudes aumentarem, mais fuligem deve contaminar progressivamente a neve.
Enquanto a crise climática se intensifica, é esperado que as temporadas de incêndios florestais aumentem em gravidade, especialmente à medida que as secas e o calor se tornam mais comuns e severos.