Funcionários públicos entraram em greve na França nesta terça-feira para protestar contra as reformas trabalhistas propostas pelo presidente Emmanuel Macron. Entre as medidas que levaram milhares de pessoas às ruas estão o congelamento dos salários, o aumento dos descontos e o corte de 1.600 postos de emprego dentro da máquina pública em 2018, de um total de 120.000 reduções programadas até 2022.
Nove sindicatos que representam 5,4 milhões de funcionários públicos convocaram a greve para expressar a “profunda divergência” com as reformas de Macron. Esta é a quarta jornada de protestos contra as reformas do presidente de 39 anos, e a primeira vez em uma década que os sindicados, que representam 20% da força de trabalho francesa, fazem uma convocação conjunta de paralisação.
“O governo não parece receptivo ao profundo mal-estar entre os funcionários”, disse Laurent Berger, diretor do sindicato CFDT, o segundo maior da França, ao jornal Les Echos. “Os agentes sofrem, porque são considerados apenas um peso fiscal, e não uma riqueza”, adicionou. Para Frederic Dabi, do instituto de pesquisas Ifop, os funcionários públicos se consideram cordeiros sacrificados. Depois de apoiar Macron na eleição presidencial contra a candidata da extrema direita Marine LePen, “eles têm a sensação de que vão pagar pelas políticas do governo”, disse Dabi à agência France Press.
Profissionais da área da saúde, como médicos, enfermeiros e farmacêuticos, se uniram à greve atendando ao pedido dos sindicatos da classe, que desde 2009 não participava de uma greve geral. Escolas públicas também foram afetadas, assim como os serviços ferroviários e aéreos. Segundo a associação Airlines for Europe, mais de 1.000 voos foram cancelados em decorrência das paralisações, e cerca de 300.000 passageiros foram afetados por atrasos.
Na área metropolitana de Paris, o transporte urbano funcionava sem grandes problemas, mas cidades como Lyon, Marselha, Montpellier e Nice registravam distúrbios. Na capital francesa, o trânsito foi bloqueado na Praça da Bastilha e na avenida Champs-Élysées, por conta de um protesto paralelo. Pessoas foram às ruas com cartazes acusando Macron de “roubar dos pobres para dar aos ricos”, segundo informa o jornal The Guardian.
(Com AFP e EFE)