A polícia francesa prendeu um russo suspeito de planejar desestabilizar a Olimpíada, informou a promotoria de Paris nesta quarta-feira, 24, dois dias antes do início oficial dos Jogos. O homem de 40 anos foi detido na terça-feira 23, após a polícia invadir sua casa a pedido do Ministério do Interior.
As evidências encontradas em sua casa levantaram “temores de sua intenção de organizar eventos que possam causar desestabilização durante os Jogos Olímpicos”, afirmou a promotoria de Paris em comunicado. O homem foi colocado em prisão preventiva e pode ser sentenciado a até 30 anos na cadeia, continuou o texto.
O ministro do Interior da França, Gérald Darmanin, também afirmou, sem dar mais detalhes, que o russo era suspeito de planejar uma “desestabilização”, que poderia assumir a forma de desinformação ou outros tipos de ataque. O jornal local Le Monde, citando várias agências de inteligência europeias, reportou que as autoridades encontraram uma carteira de identidade do homem russo que sugeria que ele trabalha para uma unidade sob o comando do Serviço Federal de Segurança da Rússia (FSB).
A embaixada da Rússia em Paris disse não ter recebido notificação oficial da detenção. “Pedimos-lhes esclarecimentos proativamente. Procuraremos uma reação”, afirmou o órgão diplomático em comunicado.
Tensões nos Jogos
Anteriormente, autoridades francesas já haviam sinalizado por diversas vezes que suspeitavam de campanhas de desinformação russas, enquanto Moscou prendeu um pesquisador francês no país sob acusações de espionagem. As relações entre a França e a Rússia têm se deteriorado nos últimos anos, já que o presidente Emmanuel Macron é um crítico feroz da invasão da Ucrânia pelas forças de Vladimir Putin e um forte apoiador do governo de Kiev.
A Olimpíada começa na sexta-feira, 26, com uma cerimônia de abertura espetacular, mas logisticamente complicada, ao longo do rio Sena. A França lançou sua maior operação de segurança da história para salvaguardar os Jogos, que ocorrem no contexto de guerras na Ucrânia e em Gaza.
No mês passado, a polícia francesa prendeu um homem-bomba russo-ucraniano de 26 anos que acionou explosivos em um quarto de hotel ao norte de Paris. Ele estava sendo investigado pela agência de espionagem nacional da França por suspeita de participação em uma conspiração terrorista.
Também em junho, a Rússia prendeu o pesquisador francês Laurent Vinatier por, supostamente, não se ter registado como agente estrangeiro enquanto recolhia informações sobre os militares russos. Ele faz parte de uma lista crescente de estrangeiros detidos no país, que se viram pegos no fogo cruzado da crise entre Moscou e nações ocidentais durante a guerra na Ucrânia.