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‘Fissura’ está próxima da cúpula militar da Venezuela, diz Bolsonaro

Presidente declarou que 'existe possibilidade de o governo [Maduro] ruir' com movimento das Forças Armadas pró-Guaidó. País deve ter novos protestos hoje

Por João Pedroso de Campos Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 1 Maio 2019, 14h37 - Publicado em 1 Maio 2019, 12h37
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  • No segundo dia de mobilização popular convocada pela oposição da Venezuela em uma tentativa de derrubar o ditador do país, Nicolás Maduro, o presidente Jair Bolsonaro declarou nesta quarta-feira, 1º, que o governo brasileiro recebeu informações de que a “fissura” nas Forças Armadas venezuelanas “se aproxima da cúpula” e, por isso, há chance de o regime de Maduro “ruir”.

    Na terça 30, ao deflagrar o movimento, o autoproclamado presidente da Venezuela, Juan Guaidó, que é reconhecido pelo governo do Brasil, disse ter apoio dos militares venezuelanos, no que foi rebatido pelo próprio Maduro e pelo Ministro da Defesa do país vizinho.

    “Informes que nós temos é que existe fissura que cada vez mais se aproxima da cúpula das Forças Armadas. Existe possibilidade de o governo ruir pelo fato de alguns da cúpula passarem ao outro lado”, declarou o presidente em Brasília, após participar de uma reunião no Ministério da Defesa com chefe da pasta, general Fernando Azevedo, o ministro do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência (GSI), general Augusto Heleno, e os comandantes das Forças Armadas.

    Questionado por jornalistas se via Guaidó enfraquecido após não reunir apoio militar necessário para derrubar o ditador, Jair Bolsonaro afirmou que “não tem derrota nenhuma”. “Eu até elogio. Reconheço o espírito patriótico e democrático que ele [Guaidó] tem por lutar por liberdade em seu país”, declarou.

    Nesta terça, Augusto Heleno disse a VEJA que a mobilização popular em torno do autoproclamado presidente da Venezuela cresceu pouco em relação a atos anteriores e não havia sinal claro de que a cúpula militar estava ao lado dele. Para Heleno, o desfecho da situação no país vizinho é “imprevisível”.

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    Intervenção

    Bolsonaro também foi indagado sobre o possível uso do território brasileiro pelos Estados Unidos, que não descartam intervir militarmente na Venezuela, e respondeu que “por enquanto não há nenhum contato nesse sentido”. “Se por ventura vier, o que é normal acontecer é que o presidente reúne o conselho de Defesa, toma a decisão e participa o Parlamento brasileiro”, disse ele.

    Na noite de ontem, Jair Bolsonaro publicou no Twitter que “qualquer hipótese será decidida EXCLUSIVAMENTE pelo presidente da República” e foi rebatido pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que lembrou a prerrogativa do Congresso de barrar iniciativas militares, como uma declaração de guerra.

    Combustível

    Na breve entrevista após a reunião desta quarta, o presidente relatou “preocupação” com reflexos sobre a Petrobras do aumento no preço do petróleo, causado pelo embargo ao óleo venezuelano no mercado internacional, sobretudo dos Estados Unidos. “Com essa ação, com embargos, o preço do petróleo a princípio sobe, temos que nos preparar. Dada a política da Petrobras, de não intervenção da nossa parte, poderemos ter um problema sério dentro do Brasil, como efeito colateral do que acontece lá”, avaliou.

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    Bolsonaro também citou “problema sério” e “situação emergencial” no abastecimento de energia elétrica em Roraima, única unidade da federação não interligada ao sistema elétrico nacional, já que a usina venezuelana de Guri não fornece mais energia ao estado. “Não é nenhum boicote, é porque, ao não fazer a manutenção das redes de transmissão, não recebemos mais energia da Venezuela”, afirmou o presidente, que ressaltou o gasto de 1 milhão de litros de óleo diesel por dia em termelétricas locais para suprir a demanda de Roraima.

    Bolsonaro voltou a apontar como solução à importação de energia venezuelana e às caras termelétricas a construção de uma linha de transmissão de energia que inclua o estado no sistema nacional. O linhão teve a licitação concluída em 2011, mas ainda não obteve licença ambiental e enfrenta resistência de indígenas que vivem na região.

    “Estamos há seis anos para conseguir um linhão de Manaus para Boa Vista, questão indigenista. Reunimos o Conselho de Defesa há poucas semanas e foi unânime o sinal verde para que nós viéssemos a construir mais rapidamente esse linhão. Aceitamos um questionamento da Funai, de modo que até o dia 15 agora teremos ou não um sinal verde por parte das comunidades indígenas”, relatou.

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