Nas ruas tomadas por um trânsito intenso, milhares de tailandeses se penduram em caminhonetes carregadas com contêiners de água, que jogam em qualquer um que se aventure a cruzar o caminho. Nas calçadas, a resposta é dada com metralhadoras de água, abastecidas em qualquer torneira disponível e mesmo no poluído rio que corta Chiang Mai, segunda maior cidade da Tailândia.
Durante os três dias de comemorações do Songkran, o ano novo tailandês comemorado de hoje até sábado, idosos, crianças, monges, turistas, ninguém escapa ao banho e à brincadeira, que se repetem em quase todas as cidades do país. Em algumas localidades, até mesmo elefantes participam da guerra de água. A raiz da tradicional festa é o budismo, religião predominante no país, que tem a água como símbolo de pureza espiritual, paz e renovação.
A Tailândia não é a única a celebrar hoje a passagem do ano. Países budistas e hinduístas, como Nepal, Laos, Camboja, Sri Lanka, Bangladesh, Myanmar e grande parte da Índia, também celebram a virada do ano entre os dias 12 e 16 abril. Com pequenas diferenças e particularidades locais, as comemorações frequentemente incluem brincadeiras com água, desfiles típicos, fogos de artifício, trocas de presentes e muitas cerimônias religiosas.
No Nepal, onde 80% da população é hindu, o foco das comemorações são as homenagens a entidades religiosas. A talvez mais tradicional festa de ano novo nepalesa, a Bisket Jatra, acontece em Bhaktapur, cidade medieval localizada nos arredores da capital Katmandu.
Durante os festejos, uma gigantesca e precária carroça de madeira de centenas de anos é puxada por fiéis pelas estreitas ruas da cidade, arrebentando fios de energia e derrubando pedaços dos históricos edifícios, enquanto uma população quase que hipnotizada pela passagem da divindade que é carregada no veículo se espreme perigosamente nas ladeiras e becos de Bhaktapur. Patrimônio da humanidade, a cidade, infelizmente, foi uma das mais afetadas pelo terremoto que matou 9.000 pessoas em abril de 2015.
Em todos esses países asiáticos é fácil constatar o sincretismo religioso que mistura budismo e hinduísmo. As duas crenças, embora distintas, possuem muitos elementos em comum e teriam a mesma origem.
A data de ano novo pode variar anualmente, mas sempre cai em meados de abril, já que é marcada pelo primeiro dia da quinta lua crescente.