O FBI (a polícia federal americana) demitiu nesta segunda-feira, 13, o agente Peter Strzok, responsável por mensagens contra o então candidato republicano à Casa Branca, Donald Trump, em 2016, e um dos investigadores da interferência da Rússia na eleição do presidente. A demissão se deu, principalmente, por pressões da Presidência americana.
Strzok fez carreira no FBI ao longo dos últimos vinte anos e era considerado, segundo o jornal The New York Times, um dos mais experientes agentes de contrainteligência e uma figura-chave no início da investigação sobre a ingerência russa. Ele também investigou o uso do e-mail da adversária de Trump nas eleições presidenciais, Hillary Clinton.
Em comunicado, o advogado do agente informou que o FBI decidiu-se pela demissão de Strzok na última sexta-feira, meses depois da publicação de uma conversa particular dele com sua amante, Lisa Page, uma ex-advogada da agência, durante a campanha eleitoral de 2016.
Na conversa por telefone, Lisa Page pergunta se Trump chegaria à Presidência. Strzok : “Não, ele não conseguirá. Nós o pararemos”.
O diálogo permitiu que Trump, na Casa Branca, se dissesse alvo de uma “caça às bruxas” e alimentou suas críticas contra as investigações sobre a suposta ajuda da Rússia à sua eleição.
Nesta segunda, antes de jogar golf, Trump festejou a demissão em dois posts no Twitter. “O agente Peter Strzok foi demitido do FBI – finalmente. A lista de caras maus no FBI e no Departamento de Justiça fica cada vez mais longa. Baseado no fato de que Strzok estava no comando da caça às bruxas, isso será descartado? É um engano total. Sem conluio, sem obstrução – eu só reajo!”, tuitou às 9h04.
“Demitiram o agente Strzok, antes do FBI, que estava encarregado da investigação falsa sobre a desonesta Hillary Clinton. Foi uma fraude total para o público americano e deve ser propriamente refeita”, publicou às 9h09, referindo-se a sua opositora democrata.
O advogado de Strzok considerou a demissão como “uma exceção nas práticas típicas do FBI”. A decisão, insistiu ele, “contradiz” as afirmações do chefe do agente de que seguiria os procedimentos normais no caso do seu cliente.
Desprestigiada em um relatório interno do FBI divulgado em junho, a imagem de Strzok foi usada inúmeras vezes por Trump para atacar o trabalho de Robert Mueller, o procurador especial responsável pela investigação da trama russa.
No início de julho, Strzok explicou diante de dois comitês do Congresso que tinha informações suficientes para acabar com a candidatura de Trump em 2016. Mas completou nunca ter passado por sua cabeça a hipótese de torná-las públicas. Também enfatizou que o FBI não está contaminado por motivações partidárias.
“Deixem-me esclarecer, inequivocamente e sob juramento: nem uma vez nos meus 26 anos de defesa do meu país as minhas opiniões pessoais impactaram nas ações oficiais que executei”, declarou o agente ao ser questionado pelos congressistas da Câmara dos Representantes.
(Com EFE)