Ex-melhor amiga expõe intimidade de Melania Trump em livro
Stephanie Wolkoff relata a estranha relação de Melania com seus enteados e descreve comportamentos obscuros de membros do governo Trump
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, já foi assunto de dois livros de memórias que deram o que falar. Uma de suas sobrinhas, Mary L. Trump, publicou em julho uma obra em que culpa os abusos emocionais do pai do atual presidente por seu narcisismo. Um mês antes, o ex-assessor de Segurança Nacional John Bolton lançou The Room Where It Happened, em que relata diversos episódios em que o presidente expressou ignorância, afirmando ainda que praticava “obstrução da Justiça como um estilo de vida”.
Agora, a primeira-dama também terá segredos revelados com o lançamento da obra Melania & Me: The Rise and Fall of My Friendship with the First Lady, previsto para setembro. A promotora de eventos Stephanie Winston Wolkoff foi melhor amiga de Melania Trump durante anos – uma das primeiras pessoas com quem a ex-modelo eslovaca se relacionou quando começou a trabalhar com a revista Vogue em 2005, motivo porque tornou-se funcionária informal da Casa Branca –, mas a afeição degringolou depois que Wolkoff foi acusada de enganar a família bilionária para ganhar dinheiro.
Quando Donald Trump foi eleito em 2016, a promotora de eventos – produtora do famoso baile Met Gala e diretora de moda da Mercedes-Benz Fashion Week – ficou encarregada de organizar as festas de inauguração do presidente, que culminavam com a posse. Contudo, registros financeiros mostraram que sua empresa, WIS Media Partners, recebeu 26 milhões de dólares – o valor mais alto pago a entidades individuais pela Casa Branca.
Seu contrato foi rescindido após o “descontentamento” da família Trump com os lucros de Wolkoff. De acordo com o jornal americano The New York Times, o próprio presidente ficou “furioso” quando soube que outra empresa contratada pela produtora de eventos faturou 4 milhões de dólares.
Segundo reportagem da New York Magazine, Wolkoff disse que, na verdade, a maior parte de seu pagamento foi distribuída entre uma série de outras empresas que ela contratou para organizar os eventos. Com a reputação abalada, chegou à conclusão que havia sido demitida porque pessoas “mais poderosas” teriam notado que ela se recusaria a seguir qualquer narrativa que não fosse a verdadeira.
Depois de sua demissão, a promotora de eventos esperava que Melania Trump interviesse em seu nome. Contudo, quando disse à primeira-dama que a Casa Branca havia rompido com ela, Melania respondeu: “Não seja tão dramática. Você não foi demitida.” Wolkoff sentiu-se traída.
Amizade e política
“Melania & Me” mistura duas histórias: uma amizade feminina que deu errado, mas também uma coleção de relatos sobre comportamentos obscuros de membros do governo Trump. Muitos dos personagens do livro tornaram-se parte de várias investigações que pipocaram durante os últimos quatro anos – como o Relatório Muller e o julgamento de impeachment.
A história em si, contudo, é muito pessoal. Wolkoff oferece um relato expressivo da estranha relação entre Melania e seus enteados – principalmente Ivanka Trump, contra quem a primeira-dama nutre amargura, de acordo com a ex-amiga.
Em um trecho do livro, obtido pela New York Magazine, Melania refere-se à filha mais velha do presidente americano como “Princesa” enquanto discute os detalhes de sua mudança para a capital americana, Washinton D. C.:
“Quem está ajudando você?” Eu perguntei.
“Está sendo arranjado”, ela explicou. “Alguém será designado.”
“Você só terá uma pessoa?” Eu perguntei. “Quantas a Ivanka tem?”
“Quem?” Disse Melania. “Você quer dizer a Princesa ?!” Nós duas caímos de tanto rir.
O texto também relata as tentativas de Melania de ofuscar a enteada, o que as duas amigas apelidam de “Operação Bloquear Ivanka”. Wolkoff escreve: “Ivanka era implacável e estava determinada a ser a “primeira-filha-dama” e a usurpar o espaço de escritórios de Melania; ela queria ser a única Trump visível no local”.
Além disso, a promotora de eventos descreve a antiga amiga como uma pessoa fria e impenetrável. Quando Donald Trump venceu as eleições, Wolkoff descreve uma Melania indiferente:
Nós nos abraçamos e nos beijamos. Eu estava tonta.
“Você é a primeira-dama! Eu quero saber tudo!” Eu disse.
Ela riu, mas acenou para longe como se não fosse grande coisa. A magnitude de seu novo papel era esmagadora, mas ela parecia imperturbável.
Realmente, pouco se fala da primeira-dama, e o que se fala é extremamente calculado. Quando ela aparece ao lado de seu marido, nenhum fio de cabelo está fora do lugar, muitas vezes usa óculos escuros e, em seu rosto, carrega uma expressão impassível. Por outro lado, conversas por mensagens de texto e por telefone entre ela e Wolkoff têm um tom muito mais leve e caloroso.
Embora jornalistas como Kate Bennet, da CNN, que escreveu “Melania Livre: a biografia não autorizada”, afirmem que ela não é uma “esposa-troféu” e que tem uma “influência poderosa” sobre o presidente, a ex-amiga por vezes retrata uma esposa tímida e dócil – e um Trump explosivo, impulsivo, ignorante e narcisista: “Embora seja difícil imaginar agora, Donald parecia um egomaníaco inofensivo em 2005”, escreve.
Mas um aspecto de seu livro é indisputável. Depois de ter a reputação abalada, perder a amiga, contratar advogados, tornar-se paranoica e até pensar que iam matá-la por causa dos 26 milhões de dólares, Wolkoff conclui: “Os Trumps fazem suas próprias regras”.