Ex-líderes pedem que G7 arque com os custos para vacinar países pobres
Em carta divulgada pelo 'The Guardian', mais de 230 nomes pedem que o grupo financie dois terços da vacinação global como uma forma de autoproteção
Uma carta assinada por 230 figuras importantes da política mundial, entre elas mais de uma centena de ex-chefes de estado, apela para que o G7, grupo de nações com as maiores economia do mundo, arque com dois terços dos US$ 66 bilhões estimados pela ONU como necessários para vacinar os países de baixa renda contra a covid-19. O documento foi obtido pelo jornal inglês The Guardian e alerta que os líderes devem fazer de 2021 “um ponto de inflexão na cooperação global.”
O apelo vem dias antes da reunião da Cúpula do G7, que acontece entre os dias 11 e 13 de junho na Inglaterra e reúne as lideranças do Reino Unido, Estados Unidos, Canadá, Japão, França, Alemanha e Itália. A carta apresenta um levantamento feito pela organização Save the Children que aponta que 79% da população britânica admite que o G7 deve assumir este encargo para proteger o planeta. Segundo a publicação, além do Reino Unido, Estados Unidos, França, Alemanha e Canadá também apontaram maioria a favor do pagamento.
Os signatários argumentam que o investimento é acessível e indispensável para garantir a efetividade da vacinação e impedir a disseminação de novas variantes. Gordon Brown, ex-ministro do Reino Unido e um dos signatários, apontou ao The Guardian que o valor seria o equivalente a cobrar 30 centavos de Libra semanalmente dos britânicos, e que o financiamento não é uma questão de caridade, mas de autoproteção. “O ano de 2020 testemunhou um fracasso na cooperação global, mas 2021 pode inaugurar uma nova era. Ninguém estará seguro da covid-19 até que todos estejam seguros em qualquer lugar do mundo”, diz um trecho da carta reproduzido na publicação.
Além de Brown, a lista ainda inclui nomes como o também ex-primeiro ministro britânico Tony Blair, o ex-secretário-geral da ONU Ban-Ki Moon, a ex-presidente irlandesa Mary Robinson e 15 ex-líderes africanos, entre eles os presidentes Olusegun Obasanjo, da Nigéria, John Mahama, de Gana e FW de Klerk, da África do Sul. A publicação não apontou brasileiros participando da iniciativa.
Apesar da vacinação estar indo de vento em polpa nos países desenvolvidos, os mais pobres carecem de recursos e enfrentam dificuldades logísticas na compra de doses. Menos de 2% das pessoas na África subsaariana foram vacinadas contra a covid, enquanto o Reino Unido já imunizou 70% de sua população com pelo menos uma dose. No sábado, 6, a Reuters noticiou que o primeiro ministro britânico pediria ao G7 que “enfrentasse o maior desafio da era pós-guerra vacinando o mundo até o final do ano que vem”, mas não apresentou propostas detalhadas sobre o plano.