Um tribunal federal de Nova York condenou Michael Cohen, ex-advogado do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a três anos de prisão nesta quarta-feira, 12. Cohen é acusado por crimes financeiros e por ter intermediado em 2016 a compra do silêncio de duas mulheres com as quais Trump havia mantido relações sexuais. Na época, a iniciativa respondeu ao risco de os escândalos prejudicarem a campanha presidencial do então candidato republicano.
Condenado também a pagar multa de aproximadamente 2 milhões de dólares, Cohen pediu desculpas por sua conduta e, entre lágrimas, alegou ter se sentido no dever de encobrir as “iniciativas sujas” de Trump, segundo o jornal The Washington Post.
“Minha fraqueza pode ser caracterizada como uma lealdade cega a Donald Trump”, afirmou ele diante do juiz William H. Pauley III.
A promotoria tinha solicitado uma pena de 51 e 63 meses pela “seriedade das violações” das leis eleitorais por Cohen. Esse pedido também refletia a constatação dos promotores de que o advogado dera “deliberadamente” declarações falsas sobre as negociações da construção de uma Trump Tower em Moscou, que acabou descartada.
Cohen declarou-se também culpado por oito crimes de evasão de impostos, falsas declarações a um banco e violações da lei de financiamento de campanhas eleitorais.
Ao configurar os crimes de Cohen como graves, particularmente por causa da carreira do réu em Direito, o juiz Pauley argumentou que um significativo termo de prisão do advogado está altamente justificado. Alertou ainda para o fato de que a democracia americana depende da honestidade de seus cidadãos ao lidarem com o governo.
“Como advogado, Cohen deveria saber melhor disso. Evasão tributária mina a capacidade do governo de oferecer serviços essenciais aos que precisam deles”, afirmou. “Mesmo com Cohen dando os passos para corrigir sua conduta criminal, ao declarar-se culpado e voluntariar-se a dar informações úteis aos promotores, isso não limpa a lousa.”
Livre de Trump
Em uma surpreendente reação à sua condenação, Cohen afirmou se sentir, finalmente, “livre de Trump”. Comentou ainda um tuíte do presidente americano, no qual o chamou de “fraco”. Para o advogado, é verdade, mas não no sentido que seu ex-chefe mencionou.
“Hoje é o dia em que recupero minha liberdade, quando você se senta no banco (dos réus) e contempla seu destino”, disse no tribunal. “Eu vivi em uma prisão pessoal e mental desde o fatídico dia em que aceitei a oferta de trabalho de um magnata do setor imobiliário cujo negócio eu verdadeiramente admirava. Na verdade, agora eu sei que há pouco a ser admirado”, completou Cohen.
(Com EFE)