Europa registra recorde de apreensão de cocaína
Com mais de 214 toneladas apreendidas, a droga é a segunda mais consumida na União Europeia; fabricação do narcótico está se expandindo em países do bloco
Quantidades recordes de cocaína estão sendo apreendidas na Europa e especialistas alertam para a expansão da produção do narcótico no continente. Com cerca de 3,5 milhões de usuários europeus, a droga é a segunda mais consumida na União Europeia, ficando atrás apenas da maconha.
Mais de 214 toneladas de cocaína foram apreendidas no continente em 2020, um aumento de 6% em relação ao ano anterior, informou o Observatório Europeu da Droga e da Toxicodependência (OEDT) nesta sexta-feira, 6. Especialistas da agência encarregada de monitorar o uso e tráfico de drogas na Europa afirmam que a quantidade pode chegar a 300 toneladas em 2022.
O número recorde indica que disponibilidade do narcótico nunca foi tão alta no continente, com pureza extremamente alta e preços baixos. O mercado do ilícito movimentou 10,5 bilhões de euros em 2020, ano em que cerca de 3,5 milhões de cidadãos europeus assumiram ter consumido a droga.
Na quinta-feira 5, a polícia suíça divulgou a apreensão de 500 kg de cocaína em um carregamento de café que foi enviado para uma fábrica da Nespresso. A leva da droga provavelmente era destinada ao mercado europeu, disseram os oficiais.
Embora a maior parte da cocaína ainda seja fabricada na Colômbia, Peru e Bolívia, especialistas da União Europeia estão preocupados com a expansão da fabricação dentro do bloco, particularmente na Bélgica, Espanha e Holanda. Entre 2018 e 2020, 45 laboratórios de produção ilícita foram descobertos no continente.
Segundo Laurent Laniel, analista científico do OEDT, a cocaína em pó é frequentemente contrabandeada da América do Sul para a Europa em materiais transportadores, como carvão e plástico, e depois extraída em laboratórios locais.
O diretor do observatório, Alexis Goosdeel, disse que a disponibilidade de grandes quantidades de base e pasta da substância aumenta o risco do surgimento de novas formas de crack altamente viciantes nos mercados europeus.
“Estamos agora enfrentando uma ameaça crescente de um mercado de drogas mais diversificado e dinâmico, impulsionado por uma colaboração mais estreita entre organizações criminosas europeias e internacionais”, disse Goosdeel.
Outro ponto de atenção para as autoridades europeias é o crescente mercado de metanfetaminas, que vem se espalhando nos últimos anos depois de se concentrar inicialmente na República Tcheca e na Eslováquia. Em 2020, um total de 215 laboratórios de metanfetamina foram encontrados na região, de acordo com relatórios de nove países do bloco europeu.
De acordo com a Europol, a agência que combate o crime organizado, os fabricantes europeus de drogas sintéticas estão trabalhando em conluio com os cartéis mexicanos para aumentar a produção.
“Vemos uma ligação clara entre Europa e México”, disse a diretora executiva da instituição, Catherine De Bolle. A especialista acrescentou que químicos e criminosos de cartéis mexicanos estão operando na produção de narcóticos em solo europeu.
A expansão do mercado de cocaína também provocou um aumento da violência e da corrupção no continente, com a concorrência feroz entre traficantes elevando as taxas de homicídio.
“A violência hoje é uma característica fundamental para as organizações criminosas se certificarem de que são as mais fortes em sua área de negócios”, afirmou De Bolle.