EUA suspendem financiamento a laboratório de Wuhan, epicentro da pandemia
Decisão se deu após centro de pesquisa não fornecer documentação solicitada pelo Departamento de Saúde americano
O governo dos Estados Unidos anunciou nesta segunda-feira, 17, a suspensão de financiamento ao Instituto de Virologia de Wuhan, na China. Após meses de análise, o Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos (HHS) concluiu que laboratório “não está em conformidade com os regulamentos federais e não é atualmente responsável”, recomendando também que os EUA não façam negócios com o centro de pesquisa.
De acordo com um porta-voz do HHS, o instituto chinês não recebe verbas americanas a nível federal desde julho de 2020. A decisão de extinguir o financiamento por completo se deu após o laboratório não fornecer a documentação solicitada pelo departamento americano. Ele alega, ainda, que o centro de Wuhan “não apenas violou anteriormente, mas está violando atualmente , e continuará a violar os protocolos do NIH [National Institutes of Health] sobre biossegurança”.
“Esta ação visa garantir que o WIV não receba outro dólar de financiamento federal”, ressaltou o porta-voz do HHS. “Portanto, determinei que a suspensão imediata do WIV é necessária para mitigar qualquer risco potencial à saúde pública”.
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Em abril de 2020, os Institutos Nacionais de Saúde (NIH) notificaram a EcoHealth Alliance, organização que destinou recursos ao Instituto Wuhan há nove anos, que investigações estavam em curso a respeito da associação do Instituto de Virologia chinês à pandemia de Covid-19. A instituição esteve no centro das teorias de que o vírus teria escapado do laboratório no final de 2019, já que foi identificado pela primeira vez em Wuhan.
Segundo os conspiracionistas, a pandemia, que levou à morte de quase 7 milhões de pessoas ao redor do globo, teria sido fruto de um erro dos pesquisadores. As acusações não comprovadas aumentaram, então, os casos de xenofobia contra os chineses. Em resposta às acusações, os cientistas de Wuhan destacam as suas contribuições para a compreensão do vírus.
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No mês passado, um relatório do Gabinete do Diretor de Inteligência Nacional indicou que a inteligência dos EUA não conseguiu determinar se os pesquisadores do laboratório que adoeceram em 2019 estavam infectados com Covid-19, mas alertou para problemas de segurança no laboratório. Especialistas globais defendem, no entanto, que o vírus da Covid-19 não teria correlação com o instituto, estando relacionado ao mercado de frutos do mar da cidade.
A Organização Mundial da Saúde solicitou que investigações fossem conduzidas na China, para que uma auditoria fosse realizada no instituto, e que estudos se dedicassem a analisar as evidências de que o vírus teria emergido naturalmente. Em contrapartida, o governo de Xi Jinping proibiu que cientistas internacionais se aprofundassem nas diferentes hipóteses sobre o surgimento da Covid-19, impossibilitando novas descobertas sobre o assunto.