Os Estados Unidos não tentam reabrir ou renegociar o acordo nuclear com o Irã, mas esperam continuar filiados ao pacto para corrigir seus defeitos com um acordo suplementar, argumentou o enviado americano para a conferência do Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP), Christopher Ford, nesta quarta-feira 25.
“Não estamos visando a renegociar o JCPOA (Plano de Ação Abrangente Conjunta, na sigla em inglês) ou reabri-lo ou mudar seus termos”, afirmou Ford à imprensa, nos bastidores de uma conferência em Genebra, na Suíça. “Estamos buscando um acordo suplementar que, de alguma maneira, aplicaria uma série de regras adicionais – restrições, termos, parâmetros, chamem como quiserem – que ajudem a reagir a estes desafios de maneira mais eficaz”.
Na terça-feira, o presidente americano, Donald Trump, e o presidente francês, Emmanuel Macron, concordaram com a adoção de medidas adicionais, mais rígidas, ao acordo. Trump não se comprometeu com a manutenção dos Estados Unidos no pacto nuclear de 2015. Além disso, manteve em suspense se retaliará ou não o regime iraniano a partir de 12 de maio.
Macron disse ter conversado com Trump sobre um “novo acordo” no qual os Estados Unidos e a Europa tratariam de questões pendentes relativas a Teerã, que iriam além do programa nuclear.
Pela proposta de Macron, Estados Unidos e Europa bloqueariam qualquer atividade nuclear iraniana até 2025, abordariam o programa de mísseis balísticos do regime e criariam as condições para uma solução política que contenha a ação de Teerã no Iêmen, na Síria, no Iraque e no Líbano.
“Se conseguíssemos tratar desse desafio de unir nossos parceiros… o presidente Trump deixou claro que sua decisão de não renovar as suspensões das sanções seria revisada e é neste ponto que espero que estejamos hoje”, disse Ford.
Indagado se Macron salvou o acordo com o Irã, em suas conversas com Trump, Ford respondeu: “Espero que o JCPOA tenha sido salvo no contexto do desafio que o presidente Trump estabeleceu para nós de tentar continuar no acordo, de seguir adiante com nossos parceiros rumo a uma abordagem que represente uma chance bastante boa de transformar o que na prática foi um adiamento temporário em uma resposta mais duradoura”.
Síria
Também nesta quarta-feira, especialistas da Organização para a Proibição das Armas Químicas (Opaq) visitaram um segundo local em Duma, na Síria, que supostamente foi alvo de um ataque químico coordenado pelo regime de Bashar Assad e pelas forças militares da Rússia no início de abril.
“Hoje, a equipe da missão exploratória visitou um segundo local em Duma. Também recolheu amostras”, afirmou a organização, em comunicado. Especialistas da Opaq já haviam visitado um primeiro lugar em 21 de abril, mas o resultado das análises não foi divulgado até o momento.
Quando o suposto ataque veio à tona, Trump, junto com Macron e a primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May, ordenou que forças militares bombardeassem dois pontos da Síria como retaliação a Damasco e a Moscou. A Rússia, porém, nega que tenha conduzido qualquer ataque químico naquele país.
(Com Reuters e AFP)