Documento liberado pelo Departamento de Estado americano revela que, em carta datada de 14 de julho de 1973, o presidente dos Estados Unidos, Richard Nixon, propôs ao colega brasileiro, o general Emílio Garrastazu Médici, o envio de militares e civis brasileiros para o Vietnã.
O contingente teria a função de ajudar na fiscalização de um cessar-fogo que pretendia acabar com a guerra iniciada na década de 1950 e que, desde 1964, contava com a efetiva participação dos EUA. O governo americano apoiava Vietnã do Sul contra o Vietnã do Norte, governado por comunistas. De acordo com Nixon, cerca de 300 brasileiros seriam deslocados para o local da guerra, “talvez 75% militares e 25% civis”. A proposta foi recusada por Médici.
Os brasileiros substituiriam os canadenses na Comissão Internacional de Controle e Supervisão, encarregada de fiscalizar o cumprimento do acordo assinado em janeiro daquele ano em Paris. Segundo Nixon, após uma extensa análise sobre o tema e consultas aos governos da Indonésia e do Vietnã do Sul, os EUA concluíram que o Brasil estava “admiravelmente qualificado” para assumir o lugar do Canadá. O presidente americano pediu que Médici dedicasse ao assunto a “mais séria consideração”.
Comentário adicionado à transcrição do documento informa que a recusa de Médici foi comunicada ao governo americano no dia 24 de julho. O presidente brasileiro alegou que integrantes da Comissão Internacional de Controle e Supervisão não estavam cumprindo suas tarefas e que membros do grupo haviam sido alvo de ataques no Vietnã – um integrante da tropa morreu em acidente de helicóptero e dois oficiais foram sequestrados e mantidos em cativeiro por 17 dias.
A vaga ocupada pelo Canadá e recusada pelo Brasil seria preenchida pelo Irã, então aliado dos Estados Unidos. A comissão era também integrada pela Indonésia, Hungria e Polônia. Derrotados, em 1973 os Estados Unidos decidiram sair da guerra, que só terminaria dois anos depois. Cerca de 60 mil soldados americanos morreram no conflito.