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EUA negociam compensação financeira para famílias separadas na fronteira

Estima-se que o pagamento pode totalizar 450.000 dólares por pessoa, segundo imprensa americana

Por Duda Gomes 29 out 2021, 17h59

Famílias de imigrantes separadas na fronteira dos Estados Unidos durante a política de “Tolerância Zero” do ex-presidente Donald Trump estão em negociações com o governo de Joe Biden para receber compensações financeiras, relatou o jornal Washington Post nesta sexta-feira, 29, com base em três pessoas familiares às negociações de acordo.

As famílias e o governo americano estão em negociação sobre os valores, ainda não definidos. Estima-se, no entanto, que o pagamento pode totalizar 450.000 dólares por pessoa, aproximadamente 2,5 milhões de reais. Algumas famílias podem receber até 1 milhão de dólares, quase 5,7 milhões de reais.

A quantia depende do trauma que sofreram enquanto estavam sob custódia do governo dos Estados Unidos, de acordo com as pessoas ouvidas pelo PostAlguns pais podem não receber nada caso tenham quaisquer acusações criminais contra eles.

Durante o governo Trump, a política de “Tolerância Zero” separou mais de 5.500 crianças dos responsáveis ao longo da fronteira dos Estados Unidos com o México. Na maioria dos casos,  agentes de fronteira separaram pais e filhos e enviaram as crianças para abrigos do governo, enquanto os pais eram presos para enfrentar processos por terem entrado ilegalmente no país. 

Em publicação no Twitter, Chad Wolf, ex-secretário interno do Departamento de Segurança Interna que era chefe de gabinete durante as separações, criticou os possíveis acordos financeiros. “Não há limites para o que este governo fará”, disse. 

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Segundo ele, “tudo o que eles fizeram em relação à segurança da fronteira e imigração é errado para a América”.

A Physicians for Human Rights, uma organização de direitos humanos com sede em Nova York, chamou  de “tortura” as separações das famílias sem nenhum sistema eficaz para rastrear e reunir novamente pais e filhos. 

Antes mesmo de Biden assumir o cargo, advogados e defensores já haviam entrado com ações a respeito de alguns casos, mas tratados individualmente ou em pequenos grupos por advogados pro bono.

O conjunto de ações do governo Biden faz parte de “um esforço nacional” para resolver processos federais e ações de responsabilidade civil sobre as famílias separadas. Em maio deste ano, as primeiras famílias de imigrantes voltaram para os Estados Unidos. 

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Cerca de 60 famílias foram reunificadas desde então, em um ritmo muito mais lento do que os defensores esperavam.  Quase 1.000 famílias continuam separadas e vivem principalmente na América Central, algumas em áreas onde grupos do crime organizado participam de sequestros e extorsões.

No entanto, Biden também é alvo de críticas por sua condução da crise migratória. No final de setembro, um membro do topo da diplomacia americana renunciou ao cargo após chamar a política migratória de Biden de “desumana”, depois da decisão do governo americano de deportar milhares de haitianos de volta ao Haiti no auge de uma crise política e social vivida pelo país. 

Pesquisas de opinião mostram que o assunto é o que gera mais impopularidade ao presidente, enquanto suas propostas de resolução são constantemente barradas no Congresso pela ala mais moderada de seu próprio partido e por republicanos. O presidente também enfrentou duras críticas pelo modo que lida com o assunto, sobretudo após o deputado democrata Henry Cuellar divulgar uma série de fotos de um centro de detenção lotado que abrigava crianças migrantes.

O número anual de imigrantes na fronteira do México com os Estados Unidos bateu recorde no ano fiscal de 2021, que foi de outubro de 2020 a setembro de 2021. Segundo dados do Departamento de Alfândega e Proteção de Fronteira obtidos com exclusividade pelo Washington Post, mais de 1,7 milhão de pessoas foram detidas pelas autoridades americanas no período.

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Entre 2012 e 2020, em média cerca de 540.000 pessoas foram detidas anualmente na região, número mais de três vezes menor do que o visto neste ano. A partir de fevereiro, quando restrições da pandemia foram afrouxadas, mais de 100.000 imigrantes foram detidos por mês, até chegar ao ápice em julho, com mais de 213.000 detenções.

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