Um relatório de inteligência dos Estados Unidos revelou que quase metade das bombas lançadas por Israel contra a Faixa de Gaza desde 7 de outubro, quando um ataque do grupo terrorista palestino Hamas fez eclodir a guerra no Oriente Médio, não são guiadas, ou seja, não atingem alvos específicos e cortam os ares do enclave sem rumo. A informação foi divulgada nesta quinta-feira, 14, pela emissora americana CNN.
Segundo um levantamento do Gabinete do Diretor de Inteligência Nacional dos Estados Unidos, obtido pela emissora, ao menos 11.900 dos 29 mil mísseis lançados contra o território palestino são imprecisos, representando cerca de 40% do total de explosivos.
Devido à imprecisão do ataque ao alvo, esse tipo de equipamento tende a colocar a vida da população civil em risco, pela possibilidade de atingir edifícios que não sejam controlados pelo Hamas. O Tribunal Penal Internacional (TPI) estabelece como crime de guerra a destruição de prédios civis.
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Reação de Tel Aviv
Uma das porta-vozes do exército Israel, Keren Hajioff, afirmou que os militares do país são “comprometidos com o direito internacional e um código de conduta moral” e que dedicam “vastos recursos para minimizar os danos civis que o Hamas forçou a desempenhar o papel de escudos humanos”.
“As FDI atacam alvos militares da organização terrorista Hamas, com base em informações de alta qualidade e na necessidade operacional, ao mesmo tempo que utilizam munições de alta qualidade que são operadas por pilotos qualificados e sistemas avançados, que avaliam e verificam continuamente se os ataques são dirigidos contra alvos militares”, garantiu.
“O tipo de munição utilizada em cada ataque é determinado de acordo com as características do alvo, a necessidade operacional e o esforço para mitigar os danos aos civis, que a organização terrorista utiliza como escudo humano”, acrescentou.
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Aliança desgastada
O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, fez suas mais duras críticas a Israel, de quem é aliado próximo, nesta terça-feira. Em evento de arrecadação de fundos para a campanha de 2024, o democrata disse que os bombardeios “indiscriminados” contra Faixa de Gaza farão com que o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, perca apoio internacional.
“A segurança de Israel pode repousar nos Estados Unidos, mas neste momento tem mais do que os Estados Unidos. Tem a União Europeia, tem a Europa, tem a maior parte do mundo… Mas [os israelenses] estão a começar a perder esse apoio devido aos bombardeios indiscriminados que ocorrem”, discursou.
“Ele [Netanyahu] tem que mudar este governo. Este governo em Israel está tornando tudo muito difícil”, continuou.
O tom diverge das declarações dadas por Biden em outubro, quando prometeu apoio “sólido e inabalável” a Israel.